Login do usuário

Aramis

Piloto & Fournier

É impressionante a vitalidade do advogado Walfrido Pilotto, 74 anos, que há 45 anos vem publicando a média de um livro por ano, nos mais diferentes campos: ensaios sobre filosofia e política, pesquisa histórica, crítica literária, crônicas, etc. Independente dos cargos públicos que tem ocupado em diferentes setores, desde 1932, quando editou "Assis Cintra" e "a [tragédia] do km 65", já se contam mais de 30 obras importantes, como as biografias que dedicou a Rocha Pombo (1953). Alfredo Andersen (1960), José Augusto Gumy (1971), para só citar 3 exemplos. Neste ano, em que já editou o ensaio "Beethoven e sua mensagem ao Homem de Hoje", Pilotto [acrescenta] agora "Entalhes", reunindo crônicas de diversos gêneros. Desde os nostálgicos "registros de três épocas" até "Instantâneos Paranistas" focalizando, por exemplo, o deputado Tulio Vargas, o banqueiro Avelino Vieira, o professor Vasco Taborda e o estadista Bento Munhoz da Rocha Neto. Também evocações gauchescas: Assis Brasil, Men de Sá, Castilho e Borges - entram no volume, escrito dentro de seu estilo acadêmico, mas cuidadoso, utilizando inclusive frases e mesmo palavras que, em nossos dias de pobreza vernacular, estamos desacostumados a ler/ouvir. xxx Quem já viveu na França sabe do que "Le Grand Meaulnes" de Alain Fournie é um dos romances prediletos naquele pais tanto é que já saíram mais de 1.500.000 exemplares - ou seja só perde em vendas para o dicionário "Petit Larousse" e para o livro "Le Tour de France Par Deux Enfants". Passado menos de meio século da 1ª edição deste romance - já levado ao cinema por Jean Gabriel Albicocô (cineasta há anos radicado no Rio de Janeiro) seu impacto junto ao público continua. Agor, os leitores brasileiros interessados poderão saber se "Le Grand Meaulnes" merece ou não esta glória: com o título de "O Bosque da Ilusões Perdidas", em tradução de Maria Helena Trigueiros, a Editora Nova Fronteira acaba de colocá-lo nas livrarias (219 páginas, Cr$ 70,00), "Le [Grand] Meaulnes"é considerado livro carismático: pelo menos duas gerações emocionaram-se com a estranha aventura sentimental de Agostinho Meaulnes, seu misterioso trânsito pela vida, afinal, para ele, como para tantos, um "bosque de ilusões perdidas". Tudo é ao mesmo tempo real e irreal na aventura do protagonista, na perseguição a uma mulher que vira apenas uma vez e que par sempre marcaria a sua vida. Apesar do sucesso de "Le Grand Meaulnes", o nome de Alain-Fournier não aparece nas enciclopédias Barsa e Mirador, e dele se sabe pouca coisa: nasceu eu Chapelle d'Angillon, estudou em Paris e foi amigo íntimo de Jacques Riviére, Francis Jammes, Laforgue e Charles Peguy, que o influenciou bastante. Quando trabalhava em seu romance (jamais terminado) e numa peça de teatro, foi incorporado a um Regimento de Infantaria e partiu para I Grande Guerram, como alferes. Em 22 de setembro de 1914, numa operação de reconhecimento com a sua Companhia, no bosque de Saint-Remy (Meuse, França), foi atingido por uma bala na cabeça. Sua morte, no entanto, é tão misteriosa e discreta como "O Bosque das Ilusões Perdidas", a floresta [romântica] e poética, onde decorre grande parte da ação de seu romance: embora tenha havido testemunhas do acontecimento, seu corpo jamais foi encontrado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
26/07/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br