Cuidado: há telas falsas de Viaro, Bakun e Traple
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de setembro de 1983
Uma prova de que os artistas plásticos paranaenses, da velhaa geração, começam a ter um mercado nacional: é crescente o número de telas falsas de Miguel Bakun (Marechal Mallet, 1909 -Curitiba, 1963), Estanislau Traple (Curitiba, 1898-1958) e Guido Viaro (Badia Polesine, Itália, 1897 - Curitiba, 1971). Desde trabalhos que podem, à primeira vista, enganar os incautos, até grosseiros desenhos e óleos, apenas atribuídos a estes três mestres de nossa pintura, têm aparecido constantemente em mãos de alguns particulares, que procuram se fazer de marchand-de-tablaux e, surpreendentemente, até mesmo em algumas "galerias" menores da cidade.
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O advogado Constantino Viro, único filho e herdeiro do professor Guido Viaro, tem sido constantemente procurado por pessoas interessadas em que "autentique" os quadros que atribuem ao seu pai. Muitas vezes Constantino surpreende-se com as falsificações - grosseiras e primárias. No caso de Miguel Bakun, as falsificações são mais "industrializadas", atribuindo-se sempre a "acervos de colecionadores" os quadros falsos que aparecem. Igualmente, também obras atribuídas a Traple, falecido há 25 anos, têm aparecido vez por outra.
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No momento em que há falsificações de telas destes três grandes mestres, um fato torna-se evidente: o interesse por suas telas é tamanho que estimula a ação dos falsificadores. Portanto é bom os que estio interessados em adquirirem telas destes pintores ficarem atentos: há malandros vendendo quadros falsificados.
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Miguel Bakun, um dos melhores pintores paranaenses, discípulo de Giuseppe Giannini Pancetti (Campinas, 1904 - Rio de Janeiro, 1958) e cujas telas tem um toque de Van Gogh caboclo, que teve uma vida difícil -enfrentando a miséria e a pobreza, a tal ponto que se suicidou há 20 anos passados, merece agora um profundo livro biográfico. Newton Stadler de Souza, ex-jornalista, advogado, professor e escritor, passou vários anos pesquisando a sua vida e já encaminhou a gráfica os originais de "O Mundo de Bakun". Numa linguagem objetiva, reproduzindo diálogos e procurando reconstituir a vida de Miguel Bakun, a obra de Newton deve sair em breve. A capa está sendo elaborada pelo pintor Alvaro Borges, também pesquisador capista (já fez mais de 40 trabalhos). Na noite de sábado, Alvaro obteve o sinal verde de Constantino Viaro, para utilizar o retrato em óleoque Guido Viaro fez de Bakun - ao qual deu o triste título de "Homem Sem Rumo". Uma das obras-primas do pintor - o original se encontra no Museu Guido Viaro - o quadro transmite toda a angústia, solidão e desespero de Bakun.
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Falando em exposição, surpreendente a pretensão do pintor Celso Coppio, que apesar de um inexpressivo curriculum, está cotando as telas que vai expor na Eucat Expo, a partir do dia 13, entre um a dois milhões de cruzeiros. Obviamente que Coppio pode pedir o que quiser pelos seus trabalhos; mas não deixa de ser um absurdo tais preços - uma vez que nem mesmo de mestres consagrados há tal valorização. Agora se houver algum "colecionador" suficientemente idiota para pagar o que Celso Coppio pede, bem feito para ele e parabéns ao pintor!
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Ainda de pintura: paisagens bucólicas, flores suaves e cores harmoniosas - conforme a bondosa descrição da crítica Neri Batista, no texto de apresentação, caracterizam as "pinturas recentes" que a sra. Edith M. Meisiner estará expondo a partir do dia 15 de setembro, na Da Graça Galeria de Arte. Diz Neri, em sua generosa apreciação sobre os trabalhos da sra. Edith: "Nada agride cm seus quadros. Nem cores agressivas, nem traços bruscos. Até mesmo a figura humana só aparece raramente como se, inconscientemente, ela sugerisse que a presença do homem danifica a natureza".
LEGENDA FOTO 1 – Bakun: vida trágica
LEGENDA FOTO 2 – Viaro: telas falsificadas
LEGENDA FOTO 3 – Newton: biografia de pintor
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