Curitiba perde de assistir a mostra de imagens ecológicas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de agosto de 1989
Em julho último, durante o XVII Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, Walquíria Barbosa, que há cinco anos organiza e dirige o RioCine Festival, num encontro informal, no qual participou a professora Elisa Gonçalves, secretária adjunta do Ministério da Cultura, manifestou sua simpatia de que uma seleção dos muitas curtas, médias e longas com a temática ecológica que reuniria para o festival, pudesse percorrer as cidades "nas quais houvesse interesse". Como Curitiba busca o título de Capital Ecológica do Brasil, seria natural que mostrasse interesse para promover uma mostra, mesmo que reduzida, incluindo trabalhos em 35mm, 16mm, vídeos, realizados no Brasil e Exterior.
Infelizmente, mesmo com a presença de dois assessores do setor de cinema da Fucucu em Gramado - Francisco Alves dos Santos e Geraldo Pioli, não houve qualquer contato mais objetivo para formalizar a extensão da mostra de cinema ecológico a Curitiba. Wilmar Klein, coordenador do I Festival de Cinema Cidade de Curitiba, chegou a se interessar pela idéia mas, em termos práticos, também não foi possível, de sua parte, montar um esquema que tornasse a mostra de filmes ecológicos uma das atrações paralelas do festival que está organizando para a última semana de setembro.
Como, nestas alturas, os filmes e vídeos reunidos no RioCine já foram devolvidos aos seus produtores, será muito difícil reagrupá-los para uma mostra intinerante - que poderia incluir não só Curitiba como outras cidades. E, assim, a "Capital Ecológica do Brasil", perde um evento informativo e cultural e de custo mínimo. Curiosamente, aqui existem quatro salas oficiais de projeção e muitos funcionários na área de cinema na cara estrutura da Secretaria Municipal da Cultura a quem cabe programar e promover eventos cinematográficos.
O excelente catálogo do RioCine Festival, organizado pela competente jornalista Héris Arnt, destacou os programas informativos que justificaram o slogan de "câmara de defesa do meio ambiente" para esta edição do festival realizado de 10 a 19 de agosto - cujas sessões espalharam-se por vários auditórios do Rio de Janeiro e que teve como sede o Hotel Sheraton.
A TVE Búzios, que vem desenvolvendo uma programação voltada a filmes ligados ao meio ambiente, organizou uma série sobre esta temática, incluindo nada menos que 15 produções diferentes, entre os quais "Lagoa de Abaté", de Miguel Silveira; "SOS Tapajós", de Marlicy Remerguy; "Mar Dulce", de Lilia Affonso; "Búzios Ecologiando", de Antônio César Galvão e "Sinfonia da Natureza", de José Luiz Andrione. "Amazônia em Revista-Vídeo" foi outra programação especial, com cerca de 30 trabalhos.
Na mostra "Meio Ambiente e Qualidade de Vida", foram programados longas como "Dersu Uzala" (1975, de Akira Kurosawa), "Koyaanisqatsi" (1983, de Godofrey Reggio), "A Floresta das Esmeraldas" (1986, de John Boorman) e "Momento Inesquecível" (Local Hero, 1987, de Bill Porsyth), entre outros.
Nos curtas, em diferentes bitolas, e especialmente nos vídeos, então a diversificação foi ainda maior, incluindo-se filmes que jamais chegarão aos circuitos comerciais - o que tornou a preocupação de reunir estas produções como um dos pontos altos do RioCine Festival 89. E que faz com que se lamente que, apesar da existência de tantas instituições voltadas a ecologia funcionando em Curitiba - e a Secretaria Municipal da Cultura (possuindo tantas salas de projeção) não tenham se empenhado para que a mostra chegasse às nossas telas.
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