Curitibana Lygia faz tese sobre loucura na paulicéia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de abril de 1992
Dona Pompilia Lopes dos Santos, na lucidez de seus 92 anos a serem comemorados em 7 de agosto, feliz da vida ao saber que uma de suas 22 netas ganha projeção nacional na área intelectual: a psiquiatra Lygia de França Urquiza, 34 anos, teve aprovada na Faculdade de Ciências Médicas da Unicampo, em 13 de dezembro, uma tese que tem provocado muito impacto ( "Um tratamento para loucura: contribuição histórica à emergência da prática psiquiátrica no estado de São Paulo").
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Formada em Medicina pela UFPR, supervisora do programa de saúde mental do centro de saúde da Faculdade de Medicina da USP, esposa de um psiquiatra (Sérgio Urquiza) curitibano e com clínica na capital paulista, Lygia [ficou ] em sua tese que São Paulo só passou a dar assistência aos loucos com a riqueza do café, na passagem do século 19 ao século 20. Até então eles recebiam um tratamento carcerário.
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Fundamentando em profundas pesquisas - tanto é que pelos créditos de sua dissertação de mestrado já acumulou pontos para o doutorado, que também fará na UNICAMP, "mostra que não basta uma técnica ser disponível para ser aplicada. É necessária uma situação econômica e principalmente cultural favorável a isso" diz Lygia, lembrando que o tratamento para a loucura embora existindo desde o século 19, com Philippe na França e no Rio existindo o hospício D. Pedro II desde 1841, só teve em SP o primeiro hospício em 1901, quando o médico Franco da Rocha inaugurou o Juquiri.
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Lygia, filha da professora e escritora Ligia Lopes dos santos, do setor de pesquisas do Solar do Barão, passou 4 anos trabalhando nesta sua tese, com orientação de Isaac Germano Karnol, sem nenhum financiamento.
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