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Curitibano, uma gestão voltada para a cultura

Poucas vezes na história do centenário Clube Curitibano um presidente deixará o cargo cercado de tanto apoio e admiração como acontece com Constantino Viaro. Há algumas semanas, recebeu um abaixo-assinado com mais de 150 assinaturas, representando lideranças de diferentes grupos propondo a sua reeleição - num apoiamento unânime. Dentro de sua formação democrática e liberal, contrário a continuísmos (o que raramente acontece nos clubes), Viaro preferiu descartar uma tranqüila reeleição e indicar o seu vice-presidente, advogado Fabiano Campello, 48 anos, para continuar a sua obra. xxx Assim, a exemplo do que aconteceu há 3 anos passados, não haverá bate-chapa nas próximas eleições do dia 9 de novembro, domingo. Através de uma feliz composição, com o remanejamento de alguns dos integrantes da atual diretoria e convites a outros associados de liderança formou-se uma chapa capaz de dar continuidade ao excelente programa de obras desenvolvido por Constantino e sua equipe. Na presidência, numa escolha normal, está Fabiano Campello, experiente executivo, atualmente na presidência da Sanepar - após ter passado por vários cargos públicos e funcionário dos quadros do Tribunal Regional Eleitoral. Na vice-presidência, o advogado Ricardo Quadros Cravo, 44 anos, que após ter dirigido a área de comunicação do Shopping Center Pinhais até a sua desativação, assumiu a diretoria de Marketing do Banco do Estado do Paraná. Na gestão de Rubens Pinho, Ricardo foi o diretor social e, há dois anos, embora convidado a disputar a presidência preferiu afastar-se da diretoria executiva devido a seus encargos profissionais. Agora, será o vice-presidente da nova diretoria. Na importantíssima diretoria geral, cargo criado em 1985, devido à reforma dos estatutos, o engenheiro Sérgio José Fernando Souza, 47 anos, será substituído por Marcos Pinheiro Machado, funcionário do Badep, filho do ex-governador Brasil Pinheiro Machado - e que desde sua juventude participa da administração do Curitibano. Manoel Diniz, advogado da Prefeitura, continuará na diretoria social - enquanto que para a diretoria cultural, em substituição ao professor Nicolau Suniê irá o pintor e animador cultural Domício Pedroso, diretor do escritório regional da Funarte. Sérgio Souza, com a experiência acumulada na direção geral - e mais a que traz de vários anos de Prefeitura (onde, de 1971/83, dirigiu o Departamento de Patrimônio) passa a diretor de Sede, enquanto o diretor de Patrimônio do clube será o hoteleiro Marcos Fatuch. Na direção de Recursos Humanos, o sr. Celso Camargo; no Departamento Jurídico, Newton e Siste; na Tesouraria o sr. André Rizolia e como orador Herom Trindade. xxx Com mais de 8 mil sócios, arrecadação superior a de mais de 50% dos municípios paranaenses, o Clube Curitibano tem hoje um patrimônio que o coloca entre os 10 maiores clubes do País. Sem demagogia, voltado a uma administração prática e racional - na qual contou a sua formação de advogado, animador cultural (diretor administrativo, em dois períodos da Fundação Cultural de Curitiba) e de sensibilidade humana (foi diretor de Pessoal da Prefeirtura na administração Saul Raiz), Constantino Baptista Viaro, 47 anos, desenvolveu, em apenas dois anos (a partir de agora o mandato da diretoria passa a três) projetos importantes - tanto na área de promoções sociais-esportivas, obras físicas como, principalmente, na área cultural. xxx Assim, vários setores do clube foram ampliados, na sede de golfe, na BR-116, implantadas várias obras - inclusive duas pistas de tênis, em grama, e na sede urbana procederam-se melhorias. Com a transferência de algumas unidades, conquistaram-se novos espaços, permitindo ao Curitibano dispor de um privilegiado espaço para exposições - no qual foram realizadas duas das mais importantes mostras trazidas a Curitiba nos últimos anos: imensos trabalhos de Cândido Portinari, cedidos pelo Museu de Arte de São Paulo e, agora, de Djanira, com obras da artista cedidas pelo Museu Nacional de Belas Artes. Sem esquecer a área de eventos esportivos e sociais - e o sucesso de inúmeras promoções provam isto - Viaro resgatou o Curitibano para as atividades culturais. O espírito que levou o Barão do Serro Azul, Ildefonso Pereira Correia (1848-1894) a fundar o Clube Curitibano há 105 anos, numa época em que se tornaria um centro irradiador de atividades culturais da provinciana cidade foi, em parte, recuperada pela administração de Viaro. Hoje, evidentemente, não cabe mais a um clube ser exclusivamente o agente cultural, mas deve ter uma preocupação comunitária neste sentido - e assim, ao trazer exposições como as de Portinari (vista por mais de 40 mil pessoas, a maioria não-associados) e Djanira (que continua aberta à visitação), se deu um exemplo às nossas paquidérmicas e onerosas instituições culturais. Ao deixar a presidência do Curitibano - em 9 de janeiro de 1987 - Viaro estará também certo de que o patrocínio da entidade foi enriquecido não apenas em obras civis, novos espaços mas também com uma obra de arte cujo valor só tende a subir nos próximos anos. Substituindo a horrível e kitsch parede circular dos sanitários, no hall de entrada, coberta de pastilhas azuis, por um painel de nosso maior artista plástico, Poty Lazarotto, o Curitibano ganhou acervo de valor indiscutível. Financeiramente, o que o Clube pagou a Poty - pouco mais de Cz$ 150 mil - é quase simbólico ao que vale uma obra desta dimensão, elaborado pelo artista plástico que mais engrandece o nome do Paraná. xxx Por certo, se continuasse na presidência, Viaro faria muito mais, pois dentro de sua personalidade múltipla e sempre buscando novas formas de criação, tem muito a desenvolver. Entretanto, confiando na competência da equipe que o assessorou, acredita que Fabiano Campelo poderá, se quiser, fazer com que o Curitibano, neste final de década, cresça ainda mais como instituição que ultrapassando as limitações de promotora de festa e competições, seja, realmente, aquele grande patrimônio comunitário da cidade que se agiganta e perde, infelizmente, sua identificação física e humana.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
17/10/1986

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