Denise, a merecida promoção nacional
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de janeiro de 1986
Denise Stocklos, a mímica de Irati que é notícia em nossas colunas há mais de 20 anos (desde quando numa noite de verão, com um grupo de colegas do Colégio Estadual do Paraná, apresentou no antigo Teatro de Bolso a sua primeira peça, "Círculo na Lua, Lama na Rua"), aos poucos vai ganhando merecido espaço nacional. Um teipe com mensagem de fim-de-ano, que criou com muita felicidade, foi ao ar em cadeia nacional de televisão e após quase dois anos de sucesso em São Paulo com "Um Orgasmo Adulto Escapa do Zoológico", de Dario Fó, Denise está agora no Rio de Janeiro (Teatro de Arena, de segunda a quarta-feira).
No dia 29 de dezembro, "O Globo" lhe dedicou página inteira ("As palavras que há no gesto: Denise Stocklos"), na qual o jornalista Flávio Marinho iniciou o belo texto lembrando que tanto no teipe da televisão como no palco, "Denise chama a atenção não só por sua arte única como por seu tipo físico: olhos enormes e expressivos, mãos igualmente grandes e eloqüentes, o cabelo numa versão new wave de Jean Harlow. E seja na tela pequena, no teatro ou numa mera entrevista, não há dúvida de que Stocklos também fala muito com o o corpo, gesticula o tempo inteiro".
No dia 5 foi a "Revista de Domingo", do Jornal do Brasil, que abriu duas páginas, com fotos em cores, para falar de Denise. A repórter Mara Caballero, também num texto irrepreensível ("O talento da mímica e o poder da palavra") destaca Denise, hoje o grande nome nacional desta arte de poucos especialistas em todo mundo - e que no Brasil, no passado, teve apenas um grande nome - Ricardo Bandeira. Infelizmente, a bebida e irresponsabilidade profissional, levaram Bandeira - (que foi discípulo do maior mímico do mundo, Marcel Marceau) a encerrar, prematuramente, sua carreira.
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Denise além de mímica é também (excelente) atriz. Nos bons tempos do grupo Escala, dirigido por Oracy Gemba e Iara Sarmento, Denise teve interpretações marcantes nas melhores produções, inclusive vivendo uma inesquecível Barbara Heliodora, em "Arena Conta Tiradentes", de Augusto Boal - Gianfrancesco Guarnieri, que em março de 1972, foi a primeira peça apresentada no Teatro Paiol - hoje desativado e que nesta administração Roberto Requião será transformado num "centro popular de cultura" (?).
No ano passado, Denise idealizou uma grande montagem, com um texto praticamente inédito internacionalmente - "Mary Stuart", de Franca Rame, numa encenação para apenas duas atrizes - que pretendia fazer com lançamento em Curitiba. Ingenuamente, acreditou que o governo José Richa (?) teria alguma sensibilidade para projetos culturais e chegou a fazer uma proposta à falida Secretaria da Cultura e do Esporte (sic, sic). Resultado: nem sequer recebeu uma resposta de seu projeto. Só que não desistiu e está tentando conseguir apoio em outras áreas - inclusive oficiais, mas fora do Paraná - onde a cultura é realmente levada a sério.
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