Depois das Eleições (Opus 2)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1974
Entre as muitas explicações e justificações para os resultados surpreendentes das eleições de 15 de novembro, uma tese levantada com muita segurança é a de que a liberdade concedida aos candidatos nos programas de rádio e televisão, nos horários gratuitos reservados ao TRE, atuou como uma arma de dois gumes. Os candidatos que não souberam usar bem os veículos de divulgação, contando com mensagens seguras e, principalmente na televisão, boa sistemática de enunciarem seus propósitos, sofreram as [conseqüências] , pois ao invés da promoção ajudar, acabou mostrando as limitações de muitos postulantes [à] Assembléia Legislativa e Câmara Federal. Em muitos casos, comentava ontem um experiente jornalista político, cujos conselhos garantiram a bonita vitória de um dos mais votados candidatos da Arena, era preferível que o candidato nem fosse visto no vídeo, pois isto só serviu para lhe tirar votos.
A renovação jovem que a Assembléia sofrerá na próxima legislatura terá um sólido suporte jurídico. Pois dos candidatos que terão agora o seu primeiro mandato parlamentar, a maioria é de advogados, formados pela Universidade Federal do Paraná, nos anos 60 e que tiveram na [militância] política dos dois partidos do Centro [Acadêmico] Hugo Simas, ou, anteriormente, na política secundarista, despertadas suas lideranças. É o caso de Francisco Rodrigues Accioly Neto, 33 anos, que em 1960 foi eleito o primeiro presidente da hoje enfacelada União Curitibana dos Estudantes Secundários. Luis Alberto Oliveira e Luis Gabriel Sampaio, ambos eleitos pela Arena, ocuparam cargos no CAHS, da mesma forma que os emedebistas Enéas Faria - este um dos mais brilhantes presidentes da União Paranaense de Estudantes Secundários, e Oswaldo Evangelista de Macedo. Três outros advogados eleitos pelo MDB são Nilson Sguarezzi, Fidelcino Tolentino, Waldenicio Barbalho e José Del Ciel. Dos deputados oposicionistas reeleitos também são bacharéis em ciências jurídicas Nelson Buffara, Maurício Fruet e José Muggiatti Filho.
O deputado Maurício Fruet foi o primeiro emedebista a visitar o seu colega João Mansur, na fazenda onde o presidente da Assembléia descansa desde o dia 15. Amigo pessoal do candidato ao Senado da Arena, Fruet passou 3 horas conversando com Mansur e dizem, neste tempo se falou de tudo (Mauricio é um bem humorado papo) e de todos , menos de um tema: as eleições. Você acredita?
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