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Aramis

A difícil sobrevivência das revistas regionais

O fechamento da Quem vem confirmar uma triste realidade: a fragilidade do mercado editorial no Paraná. Somando-se a inflação que inviabiliza projetos maiores e traz uma natural redução nas verbas publicitárias, o alto custo industrial na publicação faz com que se reduzam cada vez mais empreendimentos na área. Mesmo com uma boa carteira de anunciantes - que garantia um faturamento mínimo de Cz$ 20 mil por edição - a Quem não suportou os altos custos industriais, segundo alega o seu proprietário Carlos Eduardo Jung. - Entre perder mais de Cz$ 10 mil por mês, prefiro gastar em cavalos ou em viagens. Afinal, não há sentido em jogar fora dinheiro. Se aplicasse no mercado o que investi só nos últimos dois anos, teria uma renda mensal, tranqüila, de Cz$ 250 mil. xxx Mesmo conservando a filosofia editorial de seu proprietário, desde que circulou o número um, há 10 anos, Quem teve, jornalisticamente, diferentes enfoques neste período. Houve fases em que se voltou mais a entrevistas regionais, outras em que o noticiário político - inclusive com cobertura a políticos de esquerda e de oposição - mereceu prioridade e embora a parte social sempre ocupasse um bom espaço, a publicação nunca caiu apenas em "álbum de festas" - como poderia facilmente acontecer. Quem também sempre deu ampla cobertura ao setor cultural - (pessoalmente, ali editamos a área de música e cinema em 195 das 197 edições) - e com o seu fechamento, a imprensa paranaense perde um veículo que representou sempre uma oxigenação de idéias. xxx Há muito que as publicações regionais capengam. Houve época em que revistas publicadas em capitais - como A Revista do Globo, em Porto Alegre, Guaíra (e depois Panorama) em Curitiba e Alterosa, em Belo Horizonte - para só citar três exemplos maiores - tinham uma presença significativa. Inexistia a televisão e a Cruzeiro (depois Manchete) era a grande publicação ilustrada. Hoje, o mercado está totalmente modificado - e embora, regionalmente, ainda haja idealísticas iniciativas em manter publicações regionais, poucas conseguem sobreviver - já que os grandes anunciantes além de reduzirem ao máximo suas verbas para a mídia impressa, programam publicitariamente apenas as revistas de circulação nacional. xxx Em Curitiba, enquanto a Galeria da Sociedade editada por Nelson Martinez, voltou a circular agora com uma abertura mais ampliada - inclusive para assuntos do Interior, surgiu uma nova publicação - esta exclusivamente social: O Momento de Informação. A iniciativa de publicá-la foi da veterana colunista social Juril de Plácido e Silva Carnasciali - filha de Oscar De Plácido e Silva, fundador da Gazeta do Povo e a revista Guaíra - associada a Regina Kracik Tissot e à publicitária Elenidi Capelline. No interior, em Cascavel, L. Sefrin vem conseguindo fazer de Oeste, uma revista vigorosa em termos jornalísticos, excelente tratamento gráfico e que cobre não apenas a região mas amplia-se para assuntos de todo o Paraná. xxx Panorama, fundada em Londrina, há 36 anos - e desde 1957 editada em Curitiba, sobrevive em meio a tantas crises. Durante anos teve em José Curi, falecido há poucas semanas, o seu grande entusiasta e hoje tem em Ubaldo Siqueira a sua mão-forte para ter continuidade. Em Maringá, há tempos, é produzida a respeitada Pois É e, entre outras publicações regionais circula também o Flash editado (no mesmo formato de Quem) em Guarapuava.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/03/1989

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