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Aramis

"Quem" deixa de circular. Por quê?

Às vésperas de completar sua 200º edição, a revista Quem deixa de circular. O exemplar que está nas bancas marca o encerramento de suas atividades - ao menos como publicação da Diretriz Editorial, fundada há 10 anos pelo jornalista Carlos Jung. Em 197 edições que circularam regularmente - num certo período, quinzenalmente - Quem foi uma revista que ultrapassou as fronteiras sociais e se firmou como uma publicação independente e aberta mesmo politicamente a muitas lideranças e segmentos que não encontravam espaços em outros veículos. Em mais de 300 entrevistas publicadas desde o seu número um - que com a professora e bibliotecária, Gilka Castilho, na capa (junho/1979), numa audaciosa entrevista para a época - Quem contém um pouco do comportamento, da política e da vida social e cultural curitibana nesta década. Assim, não é sem razão que a secretária administrativa, a amazonense Nazaré Vieira, esteja preocupada em montar algumas coleções da revista, embora os primeiros números estejam esgotados. xxx Carlos Eduardo Jung, 43 anos, paranaense de Rio Negro, colunista social de O Estado do Paraná por 11 anos, desde 1968 empresário no setor de exposições e que fundou a Diretriz Editorial em maio de 1979, resume numa frase a decisão de fechar a revista Quem. - Foi uma posição financeira e filosófica! Apresenta dados que mostram a realidade de nosso mercado: em 1988 teve que fazer investimentos pessoais de NCz$ 100 mil para cobrir o alto custo de produção da revista - "o mínimo era de NCz$ 15 mil por edição" - e, somente nos três primeiros meses de 1989, o déficit entre receita e despesa já passa dos NCz$ 30 mil. - Cheguei a um ponto de minha vida que não me interessam hobbies, vaidades ou projetos que apenas trazem prejuízos - diz Carlos Jung. Foi bem sucedido em suas empresas - especialmente a que realiza hoje 15 eventos de repercussão nacional, inclusive duas feiras no pavilhão da Bienal, em São Paulo: a Bijou (de bijuteria) e a do Veículo Fora de Série. xxx Num "redimensionamento de atividades", Carlos Eduardo Jung preferiu encerrar as atividades da revista e dedicar-se exclusivamente aos seus outros empreendimentos - além da consolidada firma que promove desde 1968, feiras das mais diversas - também a Pró-Stand, especializada na montagem de estandes em feiras - não só as organizadas pela Diretriz mas em dezenas de outras que acontecem anualmente. - É uma questão de promoção de negócios. Enquanto uma página em preto e branco, de custo ao redor de NCz$ 1.500,00 é difícil de ser vendida, um stand, entre NCz$ 15 a NCz$ 50 mil, tem clientes com facilidade - só para sua instalação. Além das 13 feiras que promove no pavilhão do Parque Barigüi - e cujo arrendamento irá até o ano 2005, já que foi quem construiu o grande imóvel - a Diretriz tem projetos para ampliar, cada vez mais, além de partir para outros eventos, dentro de uma visão dinâmica que sempre teve no mercado. Desde a primeira e modesta feira que realizou no Parque Castelo Branco, há 20 anos - quando era associado ao já falecido José Vieira Sibut (na época presidente da Sociedade Thalia), Carlos Jung sempre buscou novos mercados. Praticamente construiu um pavilhão no antigo estádio do Britânia, às margens da BR-116 - desativado há anos - e, mais tarde, num ousado investimento, mas que se revelou altamente lucrativo, conseguiu a concessão para implantar o pavilhão de exposições no Parque Barigüi, com um contrato de 30 anos. xxx A parte gráfica da Diretriz Editorial foi vendida, já há alguns meses, a um ex-funcionário, Geraldo Karam Westphalen, da Polipress, que está prestando serviços para terceiros - inclusive imprimindo revistas no formato de Quem, para clientes do Interior. Já o título Quem permanecerá com Carlos que, de princípio, mantém discretas negociações com um empresário paranaense que estuda a viabilização de adquiri-lo e passar a editar. - Por enquanto estamos apenas em fase de negociação - diz Carlos - que faz questão de frisar que o fechamento da revista, embora decidido há poucos dias, foi feito de forma organizada, com total saneamento dos compromissos financeiros da empresa. - Inclusive vamos devolver o valor, corrigido, das assinaturas ainda não vencidas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/03/1989

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