Dona Sandra no Largo da Ordem
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de setembro de 1985
Em elegante traje de lã proteção para o instável clima curitibano - e ciceroneada pelo velho amigo, o jornalista João Milanez, a professora Sandra Cavalcanti era presença de destaque na chamada "mesa da diretoria" do Humel-Humel, restaurante do Largo da Ordem, na noite de sexta-feira. Sandra havia feito uma palestra a convite da Adesg, em Joinville, e, na volta, parou em Curitiba, para rever alguns amigos.
Enquanto saboreava um goulash (que a própria Ínge Borg, dona do restaurante, fez questão de preparar com molhos importados), Sandra falou muito sobre política e administração, esclarecendo que o fato de ter perdido as eleições para Leonel Brizolla, no Rio de Janeiro, há três anos, não a afastou do campo de batalha. Atualmente aposentada do governo do Estado como professora, sandra dedica-se a fazer conferências pelo Brasil, "onde quer que me chamem e desde que paguem o cachê estabelecido ". Que varia ao redor de Cr$ 1.500.000 e os convites têm sido muitos.
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Sandra está pessimista com o quadro dos atuais partidos políticos no Brasil, formados segundo ela "artificialmente". Dando um exemplo prático:
- "Se é possível formar um novo partido até pelo telefone, convocando 150 pessoas de quatro diferentes Estados, isso não significa representatividade".
Sobre se disputará uma vaga, na futura Constituinte, a ex-presidente do Banco Nacional de Habitação respondeu, habilidosa:
- Não sei. Dependerá do momento e da oportunidade. Talvez meu trabalho atual, fazendo palestras, possa ser ainda mais eficiente do que apenas mais uma função legislativa.
A professora Sandra Cavalcanti está preocupada com o grau de desinformação política dos brasileiros. Uma das razões que a levaram a optar, nos últimos meses, pela profissão de conferencista, fazendo palestras, participando de debates, levando à discussão temas Nacionais.
Impossível ouvir Sandra e não fazer a pergunta sobre a campanha ao governo do Rio de Janeiro, em 1982, quando ela surgiu em primeiro lugar, nas pesquisas, e, depois, acabou perdendo pontos, em vôo livre. Sandra explica em números:
- A campanha para o governo do Rio de Janeiro foi das mais caras. Basta dizer que a minha ficou em Cr$ 600 milhões - e quando os recursos acabaram, no meio do páreo, não houve condições de enfrentar a máquina dos outros candidatos, que gastaram mais de Cr$ 20 bilhões.
LEGENDA FOTO 1 - Sandra: agora conferencista.
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