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Aramis

As feiticeiras de John Updike

Com "Casais Trocados", um audacioso (para 'época) livro sobre o swing (ou seja, a permuta de parceiros conjugais) o romancista americano John Updike surgiu como a grande estrela da literatura avançada no final dos anos 60. O tempo passou e Updike produziu agora outra obra de grande impacto: "O Sabá das Feiticeiras" (que, pelo seu desenvolvimento em breve deve chegar também às telas). Agora temos em tradução de Aulyde Soares Rodrigues a edição no Brasil de "The Witches of Eastwick" (336 páginas, Cr$ 72.000). Há três anos, com "O Coelho está rico", Updike recebeu o prêmio Pulitzer, ampliando assim o chamado ciclo do coelho, iniciado com "Corra Coelho", Aos 53 anos, 20 livros publicados, Updike tem se atido em seus romances aos problemas da classe média dos Estados Unidos, com seus casamentos, adultérios e separações. "O Sabá das Feiticeiras" , lançado no ano passado nos EUA, foi recebido como um "achado" literário de imaginação de estilo da Updike. Como grande parte de sua obra, é um livro que mexe com a fantasia e os preconceitos correntes na cultura americana. Com naturalidade, numa prosa inventiva e plena de energia, o autor transforma três mulheres, entre 32 e 38 anos, liberadas dos respectivos maridos, em verdadeiras bruxas. Mas elas não são aquelas feiticeiras medievais e soturnas, e sim mulheres modernas, da segunda metade do século XX, que dirigem seus próprios carros, jogam tênis e usam biquíni. As três parecem normais e se ocupam do quase nada que acontece em Eastwick, uma pequena cidade a beira-mar. Fazem regimes para emagrecer elogiam-se mutuamente e esperam que alguém apareça e mude as suas vidas para melhor. Updike faz as três mulheres exibirem poderes sobrenaturais, enquanto os habitantes da cidade parecem nem perceber. Alexandra é escultora e provoca temporais, Jane toca violoncelo e pode voar, Sukie é jornalista e transforma o leite em creme. Elas sabem o que os outros pensam, manipulam o próximo e concretizam suas mais tenebrosas idéias. A principal inversão da história é a chegada de um homem, Darryl, 42 anos, bonitão e solteiro, que perturba a vida das três. Em "O Sabá da Feiticeira", Updike transforma a mais antiga acusação contra as mulheres - elas são feiticeiras e usam suas armas para dominar o mundo - numa brilhante comédia de erros e desenganos, sem nenhuma das conotações religiosas das perseguições às bruxas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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38
01/12/1985

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