Memórias de Chaplin, "Cocktail" e Vietnã
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de julho de 1989
Como é mês de férias e de poucas opções no circuito comercial, aproveite e leia livros ligados ao cinema. Como sempre, há lançamentos interessantes, ampliando a bibliografia especializada.
De princípio, temos uma nova edição de "Minha Vida", autobiografia de Charles Chaplin, que a José Olympio fez em comemoração ao centenário do nascimento do mais lírico cineasta da história. Originalmente publicada em 1964, esta reedição ganhou agora uma brilhante introdução de Sérgio Augusto, um dos jornalistas mais bem informados deste país. Foi mantido o prefácio que Octávio de Faria, fundador do histórico Chaplin's Club, escreveu para a primeira edição, assim como o poema de Carlos Drummond de Andrade. No mais são 497 páginas e 113 fotografias que fazem o leitor mergulhar na vida de um dos gênios do cinema. Uma obra de leitura indispensável a quem se interessar em conhecer como um pobre garoto inglês se tornou sinônimo do cinema mundial e criou o mais cativante personagem de todos os tempos - o vagabundo Carlitos.
Romances que são levados à tela sempre vendem bem. "Cocktail", de Heywood Gould, que baseou a comédia de Roger Donaldson, com Tom Cruise, Bryan Brown e Elisabeth Shue (em reprise nas sessões noturnas do Bristol, deste ontem) foi lançado pela Melhoramentos (328 páginas, tradução em equipe de Aulyde Soares Rodrigues, Brian Taylor e Décio Drummond). O livro é bem mais substancioso do que o filme - acompanhando a trajetória de Brian Glanagan, bartender durante 20 anos pelos bares nova-iorquinos. Um vasto painel da fauna nova-iorquina, seus ambientes e comportamentos. Naturalmente um livro para o leitor sofisticado, falando muito em bebidas finas, mulheres elegantes, sexo e até toques de suspense.
Outro livro importante: "Nascido para Matar", de Gustav Hasford, em que Stanley Kubrick baseou o roteiro de seu último filme ("Full Metal Jacket"). Uma visão sem glória do Vietnã, através da história de um grupo de soldados e oficiais, este romance autobiográfico de Hasford, que serviu como correspondente de guerra na I Divisão da Marinha Americana, é daqueles volumes que o leitor se deslumbra tanto quanto Kubrick conseguiu na tela. Tradução de Antônio Carlos Penna. Edição da Record.
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