Mas o que foi mesmo que eles (e elas) disseram?
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de novembro de 1991
Uma frase inteligente, espirituosa, de efeito, faz com que uma entrevista, declaração, discurso ou mesmo um texto literário (ou não) ganhe uma dimensão especial e se reproduza de várias maneiras.
Saber garimpar entre tanto que se fala e escreve neste nosso mundo, é o que jornalistas argutos vêm fazendo uma nova vertente editorial das mais bem sucedidas: os livros com o que os outros dizem (ou escrevem).
No Brasil, o inteligente Ruy Castro, entre o seu maior best-seller ("História do Desafinado", Companhia das Letras, 1990), soube produzir duas antologias que também editadas por Luiz Schwartz estão vendendo como pão quente: "O Melhor do Mau Humor" (1990) e o recente "O Amor de Mau Humor" (1991).
Internacionalmente não faltam exemplos de obras semelhantes e tanto é que uma editora inglesa - a W & R Chambers Ltd., da cidade de Edinburgh, criou a coleção "Quotations", já com seis volumes: "Chambers Bible Quotations", "Chambers Book of Quotations", "Chambers Business Quotations", "Chambers Sporting Quotations" e, lançado há poucas semanas, o "Chambers Film Quotes" - este dedicado a 2.000 frases pesquisadas entre cineastas, estrelas, produtores, etc.
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Tony Crawley, jornalista especializado em cinema e que já publicou biografias de Brigite Bardot, Sophia Loren e Steven Spielberg, foi quem mergulhou em milhares de revistas, jornais e outras fontes para organizar nada menos que 264 tópicos-temas. Assim, este livro de 269 páginas transforma-se em referencial obra de citações - pois o detalhamento das frases selecionadas vai a pontos específicos, como personagens (James Bond, Bond Girls), personalidades (Marlon Brando, Alfred Hitchcock, Marilyn Monroe, James Dean, Stanley Kubrick, Meryl Streep), eventos (Oscar, Cannes, Veneza, festivais) e passando por mortes, drogas, heróis, sentimentos, política, etc. Enfim, difícil um assunto que não tivesse ganho ao menos uma citação - mais (ou menos) inspirada.
Infelizmente, até agora não há promessas de uma edição no Brasil desta série da "Chambers Quote" - o que deve alegrar jornalistas atentos como Ruy Castro e Sérgio Augusto, sempre informadíssimos, que poderão fazer trabalhos na mesma linha - possivelmente até com mais humor.
Também é inútil procurar mesmo nas boas livrarias de Curitiba - como do Chaim, Curitiba e Guerreiro - nas seções de livros importados, pois até agora, ao que sabemos, não chegou ainda nenhum exemplar de "Chambers Film Quotes". Mas não custa fazer uma encomenda - que pode também ser encaminhada às livrarias de São Paulo e Rio de Janeiro que trabalham com importação de livros.
O que não falta, aliás, são livros atraentes - em todas as áreas. Especialmente nas artes - desde verdadeiras obras-de-arte, com custos altíssimos, até lançamentos mais modestos, cobrindo setores específicos para os quais só nos últimos anos se voltaram nossos editores.
Na França, por exemplo, acaba de ser lançado pelas "Editions Filipacchi", com distribuição da "Hachette", uma das mais sofisticadas produções feitas sobre o cinema: "Stars - Les Incontournables". Michel Bojut coordenou esta edição com fotos de ídolos do cinema mundial, e textos de valorizados jornalistas e escritores europeus.
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Mesmo sem chegar ao mesmo requinte do que acontece na Europa e Estados Unidos, os editores brasileiros estão também cada vez mais generosos em termos de lançamentos de obras sobre cinema - em vários segmentos. Cosme Alves Neto, conservador da Cinemateca anualmente prepara uma completa relação de tudo que vem saindo sobre cinema em nosso país e já levantou mais de 50 títulos - mais do que aconteceu em 1990. Por exemplo, a Brasiliense, após lançar o fundamental "O Cinema", com 27 ensaios do grande crítico francês André Bazin (tradução de Eloísa Souza Araújo Ribeiro, 150 páginas), e do ensaio "O Vôo dos Anjos", em que Jean Claude Bernardet estuda o cinema marginal de Julio Bressane e Rogério Sganzerla, acaba de publicar "O Cinema dos Anos 80", antologia de 19 ensaios coordenada por Ami Labaki, crítico da "Folha de São Paulo" - e que por sua importância mereceu ampla cobertura na semana que se encerra - inclusive uma mostra dos filmes analisados no MIS-São Paulo.
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De todos os lançamentos ligados ao cinema feitos este ano, o grande best-seller será o que chega nas livrarias na próxima semana: "Woody Allen - Uma biografia", caprichada edição da Companhia das Letras.
A revista "Playboy", edição de dezembro, antecipa uma parte desta biografia autorizada do diretor de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa".
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