A opinião da crítica internacional
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de novembro de 1985
"A partir de um vocábulo hopi (KO.YAA.NIS.QA.TSI: vida louca, desequilibrada, em tumulto, em desintegração; uma condição de vida que clama por outra maneira de viver) os realizadores propõem um contraste entre a natureza em seu estado virgem e montagem urbana do sonho americano.
Da primeira, selecionam cenas já familiares da topografia norte-americana para dota-las de vida nova por meio de movimento e expressão próprios (através da foto quadro-a-quadro) e assim fazendo-nos participar da magnitude lírica da Criação.
Nova Iorque é escolhida como a soma das virtudes e defeitos do "american way": o efeito é sobrecarregador. Através dele chegamos ao paroxismo que logram criar as imagens animadas e a partitura musical, que retoma o formato de cantata (provérbios hopis), como na introdução, e nos devolve suavemente aos valores primários da natureza.
O uso brilhante da fotografia e da banda sonora fazem desse documento um dos exemplos imperativos da arte representativa de nossos tempos". E.S. Torchia/ "Formato 16"(Panamá)
"Não há em Koyaanisqatsi senão a música e as imagens, mas a um tal ponto que o filme chega a ser às vezes doloroso, e que o epectador aterrorizado chega hesitar dentro do clima a que é levado.
Mas por trás desse título incompreensível, descobre-se um dos projetos mais alucinantes da história do cinema. O diretor Godfrey Reggio está na sua origem, e consagrou uma boa parte da sua vida `a realização desse imenso afresco místico e espetacular.
Ko.Yaa.Nis.QA.Tsi é tirado do idioma hopi, a mais antiga tribo indígena dos Estados Unidos. A tradição remete à "vida louca, desequilibrada e no caminho da desagregação" do mundo moderno. Antiga denúncia, pois: o homem se perde, destruindo a matriz de que ele se origina. Cortando o cordão umbilical com a mãe natureza, ele constrói um mundo sem espírito e não é mais do que um autômato desencarnado.
Koyaanisqatsi é fascinante pela raridade de sua imagens que, juntadas à banda sonora de um mestre da música de vanguarda. Phillip Glass, foram um triunfo único, com a trama exclusivamente pictória do filme envolvendo pouco a pouco o espectador num estranho e impactante lirismo..."
F. ESKENAZI/ "Liberation"(França)
Não se trata de um filme tradicional. Pelo contrário, ele não conta uma história no sentido convencional e não comporta um diálogo sequer. Sua força de evocação e beleza reside nas imagens .
É, na sua proposta, um dossiê sobre o estado de nossa civilização humana, ilustrado por magníficas tomadas de cena da natureza, imagens que vão se corrompendo pouco a pouco para dar lugar à destruição e à mutilação de nosso ambiente. Uma obra triunfal, única..."
"Cine Review" (França)
"Koyaanisqatsi é um filme sem palavras, uma celebração encantada da iconografia americana reforçado pela música muito enfática da Phillip Glass - que não hesita em evocar o sentimento na platéia.
O filme se tornou uma obra de arte, o ponto alto do Festival de Berlim: um trabalho que libera o cinema de peso habitual do texto. Durante a projeção de Koyaanisqatsi não se tem vontade de tirar os olhos da tela por um momento sequer. Cada imagem é sucedida rapidamente por uma outra, através de uma montagem viva e sofisticada, não apenas de acordo com a proposta do diretor, mas também do espectador, que vai armando sua próprias associações visuais..."
M. SHWARZ/ "Das Frankfurter Allgemeine Zaitung" (Alemanha Ocidental)
"... Estas são as imagens de Koyaanisqatsi, uma atordoada meditação sobre a vida moderna que é alternadamente serena e extremamente irritante, assustadora e dilacerante, divertida e preocupante. Este filme incomum, que tem um vínculo histórico com Fantasia, de Walt Diney, despreza conflito, diálogo e personagens. Em lugar disso, combina imagens e sons para lançar uma longa sombra de dúvida sobre a idéia da sociedade e progresso..."
DENNIS FIELY/ "Columbus Dispatch" (EUA)
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