Koyaanisqatsi, uma obra prima visual
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de novembro de 1985
O título é complicadíssimo, quase impronunciável: KOYAANISQATSI. Tão difícil que a Gaumont, ao comprar os direitos de sua distribuição no Brasil, decidiu usar um subtítulo: A VIDA EM DESEQUILÍBRIO. Mas se o título é complicado, o filme não o é. Ao contrário: são duas horas de delirante beleza visual, nenhum diálogo, apenas uma trilha sonora magnífica de Philip Glass e as Imagens mais delirantes já vistas num filme.
Exibido na 8ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, no ano passado, foi o filme predileto pelo público. Depois teve algumas sessões paralelas ao I FestRio.
Agora, quando se realiza o II Festival Internacional de Cinema, Televisão e Vídeo, "Koyaanisqatsi" chega a Curitiba: ontem, sábado, João Aracheski, executivo da Fama Filmes promoveu duas sessões especiais - pela manhã para a imprensa e à meia noite para o público, no Cine Astor - onde o filme entra em cartaz a partir de quinta-feira, 28.
O título é explicado pelos realizadores do filme: a partir de um vocábulo hopi, uma tribo indígena dos EUA. (KO.YAA.NIS.QA.TSI: vida, louca, desequilibrada, em tumulto, em desintegração; uma condição de vida que clama por outra maneira de viver), Goofrey Reggio realizou um filme de imagens delirantes, capturadas por Ron Fricke em várias partes do mundo. Em suma, o filme se propõe a mostrar a contradição entre a natureza em seu estado virgem e a montagem urbana do sonho americano.
Da primeira, selecionaram cenas já familiares da topografia norte-americana para dotá-las de vida nova por meio do movimento e expressão próprios (através da foto quadro-quadro) e assim fazendo-nos participar da magnitude lírica da Criação.
Nova Iorque foi escolhida como a soma das virtudes e defeitos do "american way": o efeito é sobrecarregador. Através dele chegamos ao paroxismo que logram criar as imagens animadas e a partitura musical, que retoma o formato de cantata (provérbios hopis), como na introdução e nos devolve suavemente aos valores primários da natureza.
Considerando a importância de KOYAANISQATSI como obra-de-arte, CLÁUDIO abre hoje espaço para uma entrevista especial de seu diretor, bem como um texto especial que explica o trabalho da criação das imagens. E poucas vezes um filme foi tão belo em suas imagens.
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