Filmes para melhorar rendas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de julho de 1988
Ufa! Os exibidores, parecem respirar aliviados: chegou julho trazendo os filmes para férias, promessas de gordíssimas bilheterias após uma temporada de salas vazias - não só por poucos programas atraentes em termos de qualidade, como, principalmente pelo clima polar que desanima mesmo os mais apaixonados cinéfilos a enfrentarem sessões geladas.
Egom Prinm, o atlético (o atleticano) executivo local dos cinemas da CIC, voltou a sorrir após semanas de cara amarrada: "O Milagre Veio do Espaço" para fazer as rendas do Condor subirem muito nas próximas semanas. Na verdade este "Miracle On 8th Street" foi enviado pelo midas Steven Spielberg, produtor de mais uma lírica ficção-científica na linha "ET", misto de conto-de-fadas na grande Manhattan - onde dois velhinhos, Frank e Faye Riley (Hume Cronyn/ Jessica Tandy), ameaçados de despejo de um apartamento devido a próxima demolição do prédio, são auxiliados por dois pequenos discos voadores que entram por uma janela aberta no apartamento. Com bela trilha sonora de James Horner (já editada no Brasil pela WEA), este filme traz o novo diretor Mattew Robbins - que mereceu a confiança de Spielberg. Trata-se da melhor estréia nesta semana - depois do Condor ter sido penalizado (por um dia) por não cumprir a lei de proteção ao cinema nacional (enquanto outras salas nada sofreram) e reprisado então pornôs ("O Sexualista", 490 espectadores). A comédia "Antes Só Do Que Mau Acompanhado", que começava a emplacar público (2.220 espectadores) saiu do Condor, mas não foi para Lido II, onde, inesperadamente, estréia o interessante "Presente de Grego", de Charles Shyer.
As duas produções nacionais, ali exibidas nas últimas duas semanas, estão entre as piores bilheterias do ano: "Pedro Mico", de Ipojuca Pontes (148 espectadores) e "Tanga" (menos de 300), apesar de toda emoção de ter sido a única experiência de Henfil como roteirista e cineasta. Dados que merecem reflexão e análise, para se tentar entender o cinema brasileiro.
"Baby Boom" ("Presente de Grego"), com Diane Keaton, entra na linha do cinema-bebê ("Três Solteirões e Um Bebê"), que também está na televisão ("Bebê a Bordo") e que com todo o noticiário em torno do Happy-end no seqüestro da menina Bruna, faz com que 1988 ganhe este novo gênero: os bebês como maior marketing do entretenimento.
"Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva", 17º filme dos Trapalhões, em sua primeira semana (Lido I, Plaza e São João) passou dos 2 milhões de espectadores e a renda deve subir - apesar da concorrência desde ontem de "Xuxa Contra O Baixo Astral", de Anna Penido, com o mais famoso nome do horário matutino da televisão brasileira - numa espécie de vídeo-clip que comercializa dezenas de produtos, o que já garantiu, antecipadamente, o pagamento da produção e vai enriquecer ainda mais Maria das Graças Meneghel, gaúcha de Santa Rosa, 25 anos, hoje uma das mulheres de mais alto astral financeiro do país - mas que, há 6 anos, fazia a sua estréia no cinema, de um filme bem diferente - "Amor, Estranho Amor", de Walter Hugo Khouri - cuja comercialização em vídeo (após a reprise, com o maior sucesso nos cinemas) vem tentando proibir. No filme de Khouri, Xuxa aparecia tal como os pais dos baixinhos - que hoje a adoram a preferem. Mas não é ético comprometer a sua nova imagem por um papel de início de carreira.
Para concorrer com Os Trapalhões & Xuxa, há um longa-metragem de He-Man, na pele de Dolphin Londgren, em "Mestres do Universo", de Gary Goddard - produção sofisticada, com grande elenco (inclusive Frank Langella, que faz sucesso com Drácula).
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