"Fogueira das Vaidades" em cartaz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de junho de 1991
Esta é uma história sobre Nova York. Sobre Sherman McCoy, mestre do universo. Sobre Peter Fallow, um inescrupuloso jornalista.
Sobre esposas, amantes, advogados, políticos,juízes, religiosos, negros, marginais...
Com estas palavras, o release de 32 páginas distribuído pela Warner Bros, nos EUA, em dezembro do ano passado - quando "A Fogueira das Vaidades" estreou, procurava chamar atenção para esta superprodução baseada no bestseller de Tom Wolf (no Brasil, lançado pela Rocco, com várias edições esgotadas em poucos meses).
Representando uma experiência de Brian de Palma, 51 anos, num novo caminhos - após o seu explosivo "Casualities of War" e após uma série de thrillings claramente inspirados em seu mestre Hitchcook, "The Bonfire of the Vanities" não alcançou, nos EUA, o êxito esperado.
De princípio, foi o próprio Tom Wolf, autor do livro homônimo, que criticou a adaptação - com muitas mudanças de personagens - como, por exemplo, transformando o juiz White de judeu para negro (interpretado por Morgan Freeman, o astro de "conduzindo Miss Daisy") . De Palma procurou defender-se, afirmando que "um filme é uma peça dramática, não é literatura. Para fazer com que uma peça dramática baseada num texto literário funcione, é preciso fazer com que esse texto funcione em termos dramáticos".
Como em dezenas de outros casos em que romances famosos sofreram mudanças em suas adaptações cinematográficas, a polêmica neste aspecto de "Fogueira das Vaidades" é superficial. Também foi muito discutida a escolha do elenco - especialmente do garotão Tom Hanks para interpretar Sherman McCoy, próspero yuppie, corretor da bolsa, casado com Judy (Kim Catrall), pai de uma adolescente (Kirsten Dunst), e que por um acidente de trânsito acaba descendo aos infernos. Tudo começa quando ao voltar do Kennedy Airport, aonde foi buscar sua bela amante, Maria Ruskin (Melanie Griffith), e entra, por engano, numa avenida que acaba no Bronx. Ali, ameaçado pela barra pesada do bairro negro atropela um jovem negro. O acidente acaba tornando-se um escândalo, quando um jornalista senscionalista, Peter Fallow (Bruce Willis) denuncia o fato e um promotor ambicioso, desejando aparecer como defensor de minorias em campanha para prefeito de Nova York, faz com que o rico yuppie seja preso e processado. Envolvem-se vários elementos sociais - religião, imprensa, justiça - numa história que ao ser lida por Brian DePalma, nas Filipinas (quando ali filmava "Casualities of War") p entusiasmou.
De qualquer forma, "Fogueira das Vaidades"(cine Astor) - única estréia importante nesta semana - é um filme com todos os elementos para atrair o grande público: gente rica e bonita em contradição a negros pobres, corrupção de políticos e da justiça, ambientes sofisticados.
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