Login do usuário

Aramis

Genialidade de Piazzolla

Poucas vezes saiu um pacote reunindo gravações de tão elevado nível como fez a CBS neste mês. De uma só vez, colocou nas lojas um novo álbum de Astor Piazzolla e seu quinteto Tango Nuevo, um álbum do compositor-cantor-intérprete Leonardo Coben (canadense com uma obra magnífica mas praticamente inédita no Brasil), um novo álbum solo do tecladista Herbie Hancock ("Perfect Machine") e três novidades absolutas: o guitarrista Max Lasser e seu grupo Ark Earthwal, o pianista Michael Camilo e o também guitarrista Fared Haque ("Voices Rising"). Pela importância, cada um destes artistas merece registros especiais, nas próximas semanas - especialmente os que só agora estão chegando. Vamos falar hoje apenas do nome mais conhecido: Piazzolla. Cada momento significa um salto na energia criativa deste argentino genial, absolutamente o mais importante instrumentista latino-americano. Seja ouvindo-se suas obras em reinterpretações respeitosas - como, com tanta sensibilidade, o curitibano Norton Morozowicz soube fazer no disco da Orquestra de Câmara de Blumenau, lançado agora pelo Estúdio Eldorado (após ter sido brinde da BASF), seja num trabalho recentíssimo de Piazzolla, ao qual é o título de "Hora Zero". Com seu quinteto "Tango Nuevo", formado por Fernando Suarez Paz (violino), Pablo Ziegler (piano), Horácio Malvicino (guitarra) e Hector Console (baixo), Piazzolla percorre os mais diferentes caminhos, com originalidade e bom humor, a partir da proposta de "Tanguedia II" (tango mais tragédia mais ou menos comédia mais quilombo), que com quase cinco minutos abre o lado dois, prosseguindo com "Milonga del Angel", "Concierto para Quinteto" e "Milonga Loc". No lado dois, a homenagem a um dos pontos referenciais da noite portenha, nos anos dourados em que Piazzolla ali começava a mostrar uma renovação do tango - enfrentando toda sorte de incompreensões: "Michelangelo 70". Depois uma minisuíte - "Contrabajissimo" (com 10'16") e, encerrando, "Mumuki" (9'32"). Este álbum de Piazzolla está naquela categoria dos "absolutamente indispensáveis" - e que nos fazem sonhar por uma nova temporada deste bruxo sonoro ao Brasil, para, ao vivo, podermos sentir toda a sua genialidade como compositor-arranjador continental.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
21/05/1989

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br