Ainda, Piazzolla
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de outubro de 1975
Quem teve inteligência e sensibilidade suficiente para assistir Astor Piazzolla, não só pode aplaudir e melhor espetáculo musical apresentado até agora, neste 1975, em Curitiba, como também ficou conhecendo, em lançamento nacional, quatro novas composições do genial renovador do tango argentino: a suite "Troilleana", dividida em quatro movimentos, que Piazzolla criou em homenagem póstuma ao seu amigo Aníbal Troillo (1908-1975), falecido em abril último, e três temas da trilha sonora do filme "Lumiére", que Jeanne Moreau está concluindo. A música para o primeiro filme dirigido por Jeanne foi feita há poucas semanas, e um dos temas, "Anjos de Soledad", é "perigoso para cardíacos", como diz Piazzolla, tal a sua força emotiva. Esta música foi gravada por Piazzolla e Gerry Mulligan, num elepê editado na Itália e, agora na Argentina, pela Trova. Nas duas apresentações de Piazzolla, em especial na quarta-feira, sentiu-se novamente o problema do som embora o equipamento tenha vindo de São Paulo, houve interferências, que chegaram a irritar o naturalmente tranquilo Piazzolla. Uma das causas dos barulhos irritantes foi o fato de haver algumas pessoas, na platéia, com os aparelhos "bip-bip", que interferem na [parafernália] eletrônica. Aliás, isso também se observa nos cinemas da cidade e em especial em algumas casas - como o Marabá e Exelcior (neste último, aliás, há até interferência de uma rádio, nas bandas sonoras dos filmes).
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