GENTE
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de março de 1973
Paulo José, um crioulo de 41 anos mas que aparenta pouco mais de 20, pode ser apresentado com múltiplos adjetivos. Mas um o agrada particularmente: foi um dos músicos responsáveis pela introdução da Bossa Nova nos Estados Unidos a partir de 1961, "antes mesmo do histórico concerto no Carnegie Hall, Hall, em 1962", explica em seu jeito tranqüilo de falar. Convidado por Ricardo Cravo Albin para acompanhar, ao violão, a cantora Carmen Costa e o compositor Ismael Silva no espetáculo "Se Você Jurar", apresentado na quinta e sexta-feira, no Paiol, Paulo José permaneceu na cidade até hoje de manhã, voltando a Guanabara "apenas para não perder a grandes desfiles de domingo à noite". Carioca, "no início apenas tocador de violão", Paulo José acompanhou múltiplos artistas e há 13 anos, "com minha alma e espírito de cigano", decidiu correr o mundo. Assim é que, sempre atuando profissionalmente, morou dois anos em Nova Iorque, na Áustria, em Berlim, em Roma e em Paris. "Sabe, hoje musico brasileiro não tem problema no Exterior - desde que seja bom, é claro - mas há 10 anos, a coisa era diferente", explica. Com sua voz rouca - lembrando um pouco Milton Nascimento e extraordinária habilidade instrumental, Paulo participou de inúmeras gravações, inclusive da banda de Dizzy Gillespie, que conheceu através de sua grande amiga Carmen Costa. Em Roma, musicou um filme - "Mulher de Rua" e em Dakar no I Festival de Arte Negra, acompanhou a Clementina de Jesus. Solteiro, confessando-se "um cidadão musical do mundo", Paulo não liga para as coisas materiais. Explica: O que eu gosto é de tocar para pessoas inteligentes.
Enviar novo comentário