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Aramis

TEATRO

"Obrigado, Tia" (cine Florida, dias 7 e 8 às 20,30 horas) foi a primeira experiência cinematográfica, em termos de realização, de um cineasta de apenas 23 anos, Salvatore Samperi, que posteriormente realizaria "Cuore di Mamma" (1968, inédito no Brasil). O crítico Fernando Ferreira, em "Guia de Filmes" (n. 21, 1969), definiu "Grazie Zia" como uma fita provocante, agressiva, bem solucionada e convincente, que traz lembrança outro produto de um talento jovem de contestador - "De Punhos Cerrados" (I Pugni in Tasca-65) de Marco Bellocchio. Como no filme de Bellocchio, "Grazie,Zia" tem como principal personagem cuja doença reflete uma revolta. Ele era, em "Pugni in Tasca", um epilético, que na doença se amparava para revoltar-se contra o feitio de ser da família e da sociedade. Neste, o mesmo interprete (Lou Castel-foto), vai buscar na cadeira de rodas o refúgio para uma suposta paralisia, que seu personagem inventa para negar-se, como a atriz de Bergman que ele despreza. Na primeira parte da fita (os exames clínicos, o laudo médico optando pela necessidade de um tratamento psicanalitico e o aparecimento da tia médica, encarregada de cuidar de Alvise) parece-nos que Zampieri foi menos bem sucedido, apesar da seqüência do jantar, que é das coisas mais bem resolvidas do filme, especialmente no que interessou ao jovem realizador para demolição de um certo conceito de sociedade que pareceu fascinar-lhe desde o primeiro momento em que pensou no projeto de "Grazie,Zia". Um filme corajoso e adulto, que dentro do Festival do Cinema Italiano, permite ao espectador interessado conhecer um momento representativo da última fase da criação cinematográfica neste País.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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04/03/1973

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