Haja colírio para tantos programas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de novembro de 1989
Quem se dispuser a acompanhar os filmes que ainda estão programados para a síntese da 13ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, há que ter muita disposição e tempo livre. Pois afora os filmes que estavam programados até amanhã, mais quatro longas foram acrescentados e serão mostrados no incômodo horário das 24 horas. De amanhã até sábado, as sessões serão às 24 horas no cine Ritz, para evitar acavalamento com a apresentação dos vídeos da série "Dekalog", do polonês Krystof Kieslowski, que estarão sendo exibidos, em sessões às 14 e 19 horas, no auditório do Goethe Institut (Rua Reinaldino S. Quadros, 33). Como nos dias 16 e 17 serão exibidos, em cada noite, quatro episódios, com duração de 53', os interessados em também conhecerem os últimos filmes da mostra, farão "serão" cultural, correndo da sede do Goethe, a noite para o cine Ritz. Afinal, nos dias úteis a sessão das 14h, com a mesma programação, ficará restrita apenas aos estudantes e pessoas desocupadas à tarde.
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Hoje, a programação no Ritz, é atraente: às 17h30, reprise de "Como Fazer Carreira em Publicidade:, Inglaterra, 88, de Bruce Robinson. Às 19h30, "Eu Sou o Senhor do Castelo", Regis Wargnier, França, 89, e, às 22h, "O Filósofo", RFA, de Rudolf Thome - todos com legendas em português. Amanhã, mesmo com as eleições, haverá já uma sessão às 24h (nas sessões normais, o Ritz lança "1º de Abril - Brasil", de Maria Letícia): "Imagens de um Velho Mundo", documentário de longa-metragem.
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Até domingo à noite, excluída a última sessão, apenas 1.290 espectadores haviam deixado NCz$ 19.350,00 na bilheteria do cine Ritz. Acrescentando-se convidados e credenciados, oscila ao redor de 1.400 os espectadores que se animaram a conhecer os filmes inéditos trazidos para esta promoção patrocinada pelo Banestado (que generosamente doou NCz$ 200 mil, como parte dos custos - no total ainda não divulgados oficialmente).
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O interesse do público tem variado, na quarta-feira, 8, quando foi reprisado "War Requiem" (89, Inglaterra, de Derek Jarman e exibidos "O Ambulante" (Irã, 87, de Moshem Makhmaebaf) e "Macao" (Suiça, 88) apenas 74 espectadores pagantes estiveram nas 3 sessões do Ritz (sala com 305 lugares).
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Devido ao seu empenho na campanha brizolista, o prefeito Jaime Lerner, mesmo lamentando, não está podendo acompanhar o festival. Assistiu na terça-feira "Roselyne e os Leões" (França, 89, de Jean Jacques Beinex) - unanimemente considerado o pior filme da mostra - e só no domingo, pode retornar, para ver "A Estudante", França, 88, de Claude Pinoteau e "O Pequeno Diabo", Itália, 89, de Roberto Benigni - este o filme mais divertido, provando porque Benigni é a nova sensação do cinema peninsular.
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Há um grupo fiel, presente em todas as sessões: a jornalista Malu Maranhão, os diretores de teatro Chico Nogueira e Edson Bueno, os cineastas Werner e Willi Schulman, Fernando Severo (o mais azedo dos espectadores, severíssimo em seu julgamento dos filmes que assiste), a cinéfila Celina Hardy. Maurício Brick, conselheiro da Fundação Cultural - e também um apaixonado por cinema - é o único membro daquele colegiado que se animou a assistir alguns dos filmes.
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Leon Cakoff, acompanhado de quatro belas assessoras, passou uma semana em Curitiba: chegou na segunda-feira, 6 e só retornou no domingo, 12. Mas no sábado, não apareceu no cinema: foi assistir ao ballet que acontecia no Teatro Guaíra. A viagem foi proveitosa: o contrato assinado com o prefeito Jaime Lerner vai garantir muitos dos dólares que ele necessita para montar a próxima edição do festival - que terá, ao que consta, apresentação integral em Curitiba entre outubro/novembro de 1990. Período em que Jaime já nem estará mais na Prefeitura, mas sim na reta final de sua companha a governador do Paraná pelo PDT.
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