Que rei sou eu?
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de novembro de 1989
Aproveitando o clima eleitoral que ocupa todos os espaços, a Juventude Monárquica, esperançosa no plebiscito de 1993, quando a opinião pública pronunciar-se-á sobre a restauração da Monarquia, está distribuindo malas diretas com um release contendo uma entrevista de "um príncipe da Casa Imperial", acompanhado de oferta de um livro-documento, "A legitimidade monárquica no Brasil" (NCz$ 115,00, pedidos a Guadalupe Informática e Assessoria, Rua General Câmara, 270, 7ª andar, 90.010, Porto Alegre).
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O livro é anunciado como uma obra pioneira do gênero, "fruto de pesquisas em mais de 300 livros e artigos especializados, 2.458 recortes de notícias de imprensa e com mais de 170 fotos, das quais 3 coloridas boa parte inédita".
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O autor é o genealogista Armando Alexandre dos Santos, que pretende provar que nunca existiu no Brasil uma questão dinástica e portanto "elimina todo e qualquer rumor divisionista". Ou seja, para a Juventude Monárquica "o legítimo chefe da Casa Imperial do Brasil e pretendente natural ao trono de nossa terra é o príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança.
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Pregando a união dos monarquistas, D. Luiz de Orleans e Bragança conclama:
- "Mais do que nunca é necessária e urgente a monarquia, pois após 100 anos de crises, o modelo republicano se apresenta irremediavelmente desgastado. E são cada vez mais numerosos os brasileiros - até mesmo os republicanos agredidos pela realidade - que se perguntam: monarquia, por que não?"
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O presidente da Juventude Monárquica do Brasil é o Sr. José Guilherme Baccari, que julga mais do que nunca oportuno o momento para que se conheça as idéias do movimento - nestas vésperas do centenário da República e das eleições diretas.
- "Durante quase 100 anos, a causa monárquica esteve, no Brasil, como que sepultada debaixo de uma lápide funerária: a injusta cláusula pétrea, que proibia a propaganda monárquica, discriminando a nós, monarquistas e impedindo-nos de nos organizarmos e trabalharmos pela vitória de nossas idéias. Assim, foi só a última Constituinte revogar "cláusula pétrea" e a causa monárquica desde logo manifestou uma vitalidade extraordinária, surpreendente para muitos observadores.
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Círculos monárquicos e núcleos da Juventude Monárquica, diz José Guilherme Baccari, vem se multiplicando por todo o país. No Paraná, entretanto, até agora, em termos públicos, ninguém assumiu a iniciativa de organizar o movimento, embora, numa recente reunião social em que o assunto foi discutido, tenham sido lembrados alguns nomes colunáveis - entre eles o de um conhecido arquiteto que se ajustariam, por suas formações aristocráticas e identificação aos requintes monárquicos a se habilitarem a estruturar o diretório regional da Juventude Monárquica.
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