A mensagem dos jovens que querem a Monarquia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de dezembro de 1988
Muito mais gente do que se imagina parece estar levando a sério a proposta que o deputado paulista Antônio Cunha Bueno conseguiu incluir na Constituição: no plebiscito, a ser realizado em 7 de Setembro de 1993, para que o povo venha a definir a forma de governo mais adequada ao país, ao lado da República presidencial e República parlamentar haverá a Monarquia Parlamentar.
Organizados, os monarquistas estão procurando montar um esquema nacional através de representações regionais capazes de mostrar que o projeto do Brasil voltar a ser um reinado não é tão hilária quanto parece. Em termos de relações públicas, a Juventude Monárquica do Brasil, com sede na Rua Antônio de Macedo Soares, 1562, em São Paulo (fone 011-61-9195), distribuiu quase um milhão de cartões de Boas Festas trazendo uma foto do Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, "digno herdeiro de veneráveis tradições e depositário de esperanças em dias melhores que a Providência Divina, por certo, ainda reserva para a nossa Pátria".
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Como anexo ao cartão, encimado pela frase "Um Santo Natal e abundantes graças de Deus-Menino para si e para os seus", a Juventude Monárquica do Brasil distribuiu uma espécie de manifesto, que começa com a seguinte declaração:
"Estamos no limiar de 1989, ano do centenário da República. Daquela República que a população recebeu "bestificada", como afirmou Aristides Lobo, um dos mais influentes chefes republicanos e membro do primeiro governo instituído após a queda da Monarquia. Daquela República em que os revolucionários de 1889 depositaram tantas esperanças e que, no entanto, um século depois, constatamos não ter tido senão contínuo desenrolar de crises, de golpes, de Constituições que pouco duram e de repúblicas novas que logo envelhecem.
Os horizontes nacionais apresentam-se hoje, em larga medida aliás como consequência desses 100 anos de República, mais turvos do que nunca.
Os problemas sócio-econômicos do país em 1889, reduziam-se a encaminhar bem, nas vias do estado de cidadãos livres, o elemento servil que a Princesa Isabel libertara; e a abrir o nosso território para a imigração, a fim de atender às necessidades de uma agricultura que crescia muito acentuadamente".
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A seguir, os monarquistas jovens tornam-se apocalípticos: "Hoje, pelo contrário, os problemas sociais se multiplicam e se agravam de tal maneira que se poderia dizer que em cada ponto da organização sócio-econômica de nossa Pátria está instalada uma questão difícil de resolver.
Tal situação deve-se em grande parte ao lamentável amortecimento da tradição cristã na vida pública do País, e ao mesmo tempo à fermentação contínua das doutrinas que Moscou não deixa de disseminar entre nós, ora com o sorriso de Gorbachev - de acordo com as apetências do mercado de consumo de idéias que é como Moscou vê o Brasil, a América Latina e o mundo livre em geral".
Após este parágrafo que os meninos da Sociedade da Tradição Família Propriedade também assinariam, os monarquistas atacam com sua mensagem:
"É nesse panorama cercado de sombras, de ameaças e de incertezas por todos os lados, que brasileiros em números sempre crescentes se mostram desencantados com o suceder de tantas esperanças frustradas de 1889. E, buscando uma solução para o Brasil de nossos dias, começam a se perguntar: porque não a Monarquia?
Voltam-se eles com saudades para as recordações luminosas e carregadas de prestígio dos Imperadores que nos asseguraram a Independência, a unidade territorial, o bom nome internacional e 67 anos do autêntico progresso e estabilidade institucional".
A Juventude Monárquica do Brasil fecha sua mensagem (de Natal) lembrando o plebiscito a ser realizado dentro de cinco anos, quando "o povo brasileiro decidirá qual a forma e o regime de governo que deverão vigorar no País. A monarquia constitucional será uma das alternativas. Na perspectiva desse plebiscito, é muito naturalmente para o Chefe da Casa Imperial do Brasil, legítimo sucessor dinástico de nossos Imperadores, que se voltam os olhares esperançosos de incontáveis brasileiros.
A Sua Alteza Imperial e Real, o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, a Juventude Monárquica prestam aqui homenagem, e ao mesmo tempo se honra de assegurar sua fidelidade irrestrita e seu entusiasmado devotamento".
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Apesar de Curitiba ter ganho um reizinho até agora a Juventude Monárquica ainda não decidiu quem vai chefiar o seu escritório em favor do príncipe D. Luiz entre nós.
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