Login do usuário

Aramis

Henry Maksoud e suas idéias para o Brasil

Em menos de dez horas, na terça-feira, 13, o engenheiro Henry Maksoud, presidente dos grupos Hidroservice/Visão, mostrou, mais uma vez, porque é considerado um dos empresários mais dinâmicos e polêmicos do Brasil. Gravou uma entrevista de 25 minutos para a televisão, fez uma visita a Federação das Indústrias do Estado do Paraná que acabou se transformando numa mini-conferência a, à noite, fez uma palestra para os 140 alunos do 17º ciclo de estudos promovido pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Em todas as ocasiões, Maksoud fez colocações em torno de sua proposta de Constituição da República Federativa do Brasil - que vem sendo debatida há meses através das páginas da "Visão", expôs pontos relacionados e sua proposta de Governo - a Demarquia e, sobretudo, não poupou críticas ao governo, ele que foi um dos primeiros a denunciar as incoerências do Plano Cruzado, que, com bom humor, classifica de "golpe socialista de fevereiro de 1986". Bom humor, aliás, é uma das características do engenheiro Henry Maksoud, que em suas palestras intercala sempre frases conhecidas, ditos populares, conferindo um charme atraente - e com isto escapando da rigidez cansativa do economês - que ele, particularmente, abomina. Como aconteceu nas duas vezes em que veio a Curitiba, gravando programas na TV-Iguaçu (e que tiveram altos piques de audiência), Henry Maksoud jamais deixa de colocar o dedo na ferida dos problemas nacionais. Polêmico e, naturalmente, com posições que desagradam a muitos, tem, entretanto a sinceridade de defender suas idéias - não só nas publicações das revistas do grupo Visão/Dirigentes, do qual é o editor-geral - mas especialmente em palestras nos mais diferentes pontos do Brasil. O engenheiro João Laurindo de Souza Netto, delegado-regional e um grupo de diretores da ADESG-PR - Pina Ribeiro, Fernando Sérgio de Barros, Oscar Venâncio de Castilho e Mário Miró Neto, o acompanharam desde ao meio dia, quando chegou ao aeroporto Afonso Pena, desembarcando de seu jato executivo, até a meia noite, quando, após a palestra para os alunos da ADESG, no auditório da Acarpa, retornou a São Paulo. Uma das características do empresário é a de não perder tempo em hotel: praticamente nem usou a suíte que lhe havia sido reservada no Araucária Flat, pois além de duas longas entrevistas, fez ainda uma visita, informal, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná, cujo presidente Jorge Weber, o recebeu em companhia de quase meia centena de empresários. Resultado: a situação econômica e política do Brasil foi o grande tema debatido, sobrando farpas a posição dos governantes e os erros da Constituinte. xxx O engenheiro Henry Maksoud se referiu, várias vezes, aos "professores" que controlam o País e nossas vidas - pela interferência no sistema econômico. Com bom humor, respondeu a uma pergunta sobre a dívida externa, dizendo que o Fundo Monetário Internacional também sofre com os mesmos professores que foram colegas dos nossos professores, todos com os mesmos livros - e embora uma dívida de US$ 100 bilhões seja preocupante, a questão principal não é esta. É a intervenção do Estado na economia e os limites a liberdade de criação da livre iniciativa - bandeira pela qual se bate há anos. Durante 90 minutos, falando a selecionada platéia do curso da ADESG, Maksoud esmiuçou pontos importantes de sua proposta de Constituição que em seu capítulo I, artigo primeiro, já sintetiza sua filosofia: "Em tempos normais, e com exceção de certas situações de emergência explicitadas, a coerção governamental só pode ser usada para atender às leis (que existem a fim de proteger os domínios individuais) e para arrecadar, também, dentro das normas gerais do direito, recursos para custear os serviços de governo nenhum representante do povo, nenhuma instituição governamental e nem mesmo o próprio, povo, de quem o governo extrai todo o seu poder, possuem poderes ilimitados para impor quaisquer leis ou medidas que entendam convenientes mesmo que regularmente aprovadas por assembléias representativas ou referendadas pelo sufrágio universal". xxx Entre os oito debatedores na conferência da ADESG, o engenheiro João Carlos Penna Woajeck foi quem formulou a pergunta mais social, na relação da situação de pobreza dos empregados "nunca reconhecida pelos Patrões". O engenheiro Maksoud desmontou a colocação - que classificou de "pejoração socialista" - com blague e bom humor, mostrando que a situação de pobreza é relativa, dando um exemplo que, naturalmente, despertou risos na platéia: - Por exemplo, em relação a minha pessoa, o engenheiro João Laurindo meu anfitrião aqui, é um pobre coitado; eu, entretanto, em relação a Rockfeller sou um pobretão... LEGENDA FOTO - Henry Maksoud, com o Brasil na cabeça.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/10/1987

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br