Um clássico de Henry James. Pela tradução de Sabino
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de março de 1986
Fernando Sabino é uma das pessoas mais atuantes da vida intelectual brasileira. Escritor consagrado, cronista do cotidiano com milhões de admiradores em todo o País - e agora também em Portugal, onde seus livros estão sendo editados - o autor de "O Encontro Marcado" busca sempre novas atividades.
Ainda recentemente assinou contrato com a Rocco para orientar uma nova coleção, "Novelas Imortais", projeto que pretende colocar nas livrarias, a cada ano, oito das maiores obras-primas da novelística mundial. E para iniciar a coleção Fernando escolheu (e traduziu) "A Fera na Selva" (The Beast in the Jungle), de Henry James (1843-1916), que Sabino considera a melhor novela do autor de "A Outra Volta do Parafuso", que inspirou o clássico filme "Os Inocentes".
Escrita numa fase classificada por Sabino como decorrente da determinação de James em escrever apenas para si mesmo e seu reduzido público, onde os temas escolhidos são, cada vez mais, impregnados da preocupação fundamental com o problema moral de opção entre o bem e o mal, "A Fera na Selva" é a fascinante história da relação entre um homem e uma mulher, ainda jovens, que passam o resto da vida aguardando que alguma coisa extraordinária aconteça em suas existências. Enquanto envelhecem, vão tecendo, com sentimentos à flor da pele, um sutilíssimo embate de emoções, no jogo da relação afetiva entre dois seres a quem o amor uniu sem que eles soubessem. Os detalhes de um inglês refinadíssimo representam para o tradutor Sabino "uma armadilha a cada passo". Essas dificuldades, aliadas as de "compreensão dos mistérios que o autor vai semeando a cada página de suas obras, enquanto desvenda outras na página seguinte, num jogo de agudíssima inteligência", justificam a pouca divulgação, no Brasil, da volumosa obra de Henry James, admirado mundialmente como precursor da moderna ficção.
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Dois livros práticos, de público certo e específico: "O Vendedor Minuto", de Spencer Johnson/Larry Wilson (tradução de Ruy Jungmann, 124 páginas, Cz$ 3.090,00) e "Tática - A Arte e a Ciência do Sucesso", de Edward de Bono (tradução de Luiza Machado da Costa, 288 páginas, Cz$ 6.490,00), lançados pela Record. Autor de "O Gerente Minuto" (já traduzido em 17 idiomas; 30 mil exemplares vendidos no Brasil), Spencer Johnson escreveu agora "O Vendedor Minuto", destinado aos vendedores que desejam aprimorar seus recursos de venda, aumentando suas chances de sucesso. Já Edward de Bono, médico, professor, PhD em Cambridge, consultor técnico de algumas das maiores empresas internacionais, mais de 20 livros publicados, busca em "Tática - A Arte e a Ciência do Sucesso", responder uma questão crucial: o que é preciso para se ter êxito na vida.
Para responder esta questão, Bono convidou várias pessoas de sucesso e pediu-lhes que dessem sua opinião sobre o que é necessário ter ou fazer para alguém sair vitorioso no competitivo mundo em que vivemos. Um astro internacional do rock, a mais famosa campeã inglesa de tênis profissional, o mais rico homem do mundo, o maior piloto de Fórmula 1 dos últimos tempos, uma magna da moda feminina, etc. foram ouvidos neste livro otimista e estimulante.
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Fundador do "Clube do Livro" (1943), chamado por Monteiro Lobato de "Moisés, o homem que viu a Terra da Promissão", autor de "O Homem Plural" que segundo José Geraldo Vieira criou um novo tipo de ficção, Mário Graciotti é um intelectual dos mais conceituados. A Academia Brasileira de Letras já lhe outorgou distinções pelos seus livros "Europa Tranqüila" e "Universo Finito" e a medalha Machado de Assis por sua obra de difusão cultural. Seu currículo tem dezenas de distinções e ainda recentemente, com o ensaio "Os Deuses Governam o Mundo - A Magia e a Ciência de Paracelso", recebeu o prêmio Nacional de Brasília, do Conselho Federal da Cultura. Uma síntese do pensamento - preocupações, indagações, propostas - de Mário Graciotti foi reunido no volume "Caro Senhor Arcanjo, Cheio de Estrelas, Por Que Não Me Escutais?" (Desabafos e Depoimentos), lançado pela Ibrasa (242 páginas, janeiro/86).
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Dentro de suas várias e importantes coleções a Grandes Cientistas Sociais, da Ática, é das mais respeitadas. E temos agora no volume 51 uma antologia sobre Sérgio Buarque de Holanda, organizada por Maria Odila Leite da Silva Dias e coordenada por Florestan Fernandes. Autor de um clássico da sociologia brasileira "Raízes do Brasil" (1935) e pai de filhos dos mais brilhantes - entre os quais Chico Buarque, o maior dos compositores surgidos nos últimos 20 anos - Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) foi um intelectual notável, autor de uma obra marcante. Avesso a modelos teóricos, buscava o método apropriado para a reconstrução do passado na elaboração das tensões entre as palavras e os conceitos. Suas obras históricas destacam-se pela originalidade intensamente criadora com que explorou temas da história social e da mentalidade dos brasileiros do século XVI ao XIX. Os textos selecionados nesta coletânea são representativos de sua vasta produção intelectual como historiador, que constitui contribuição de vanguarda para a historiografia brasileira.
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Mais um livro indicado a quem aprecia histórias de espionagem: "O Homem Quebra-Cabeça", de Dorothea Bennet (tradução de Maria Lívia Mayer, 196 páginas, Cz$ 4.690,00, Record). Uma história fascinante, sem dúvida: quando o superespião inglês que se bandeara para a Rússia viu-se desprezado e perseguido por russos e ingleses, soube que não lhe restava alternativa senão sobreviver e se vingar. É isso que Philip Kimberly, também conhecido por Sergei Kuzminsky, procura desesperadamente fazer quando volta à Inglaterra enviado pela KGB para recuperar um arquivo de vital importância que os russos suspeitam ter ele próprio escondido às vésperas de sua defecção. "O Homem Quebra-Cabeça" é o terceiro livro de Dotothea, que antes já escrevera dois livros de suspense. Ela é esposa do diretor de cinema Terence Young, cineasta bastante conhecido e responsável pelos melhores filmes da série 007.
LEGENDA FOTO 1 - Henry James: novelista imortal mas pouco divulgado no Brasil.
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