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Aramis

Hermínio e o Paraná

Há 24 anos, quando "Rosa de Ouro" foi escolhido como a melhor manifestação em favor da música popular brasileira na única edição que aqui aconteceu da promoção "Pinheiro de Prata", realizada pela Funarte, Hermínio não pode vir receber o troféu. Mas valeu como um reconhecimento local ao seu belíssimo espetáculo (perpetuado em disco, Odeon) no qual ao lado da revalorização do grande Aracy Cortes revelava Clementina de Jesus e cinco criolos de imenso talento - entre eles Paulinho da Viola e Elton Medeiros. Só dez anos depois, em 1975, dirigindo um show com a cantora Marlene ("Te Pego pela Palavra"), HBC viria conhecer Curitiba. Uma paixão a primeira vista com a cidade que o faria retornar inúmeras vezes, sempre trazendo momentos de música, poesia, ternura - e distribuindo idéias generosas. Quando o projeto Seis e Meia emplacou no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, Hermínio começava a estruturar a divisão de música popular da Funarte e sentindo o entusiasmo do então ministro Ney Braga, da Educação e Cultura, pela boa música, idealizou a extensão de shows de duplas da MPB a todo o país. Nascia o Projeto Pixinguinha que, para começar, aconteceria em Curitiba no ano seguinte - e que daria também origem a um projeto de monografias de figuras de nossa música (hoje, 12 anos depois, o Projeto Pixinguinha continua sólido e só não virá a Curitiba porque houve falta de entusiasmo local - e com isto o mesmo foi deslocado para o eixo Foz do Iguaçu-Cascavel). xxx Seria graças ao apoio de Cleto de Assis, quando secretário da comunicação no segundo governo Ney Braga, que aconteceram no Teatro Guaíra, dois dos mais belos concertos idealizados e dirigidos por HBC: "Tributo a Jacob do Bandolim" em 10 de agosto de 1979 e, menos de um ano depois, "De Vivaldi a Pixinguinha", ambos com o imortal Radamés Gnatalli a frente da Camerata Carioca - felizmente perpetuados em discos. Foram dois entre outros espetáculos que Hermínio produziu e dirigiu. Fazendo palestras, lançando livros, participando de projetos, inúmeras vezes aqui esteve. Numa destas ocasiões, generosamente gastou tempo e dinheiro de seu bolso para elaborar um projeto que faria realmente o Solar do Barão ter uma dimensão cultural bem mais ampla. Infelizmente, apesar das promessas municipais a política foi maior do que a vontade de fazer e ele não recebeu nem um muito obrigado pelo que ofereceu em criatividade. Mas nem por isto, alma generosa, deixou de sempre ver com simpatia o nosso Estado e ainda no ano passado, ajudou a dar uma abertura popular ao Festival de Música de Londrina, ali fazendo o lançamento do Projeto Radamés Gnatalli, de maior importância para estimular a formação de jovens músicos. Um criador de sua voltagem - que une a animação e o entusiasmo a competência executiva - pode sempre ajudar. Basta que haja condições de trabalho, pois se há algo que não admite - e por isto mesmo é exigente em seu trabalho - são os pulhas, demagogos, irresponsáveis e aproveitadores da cultura - os quais, infelizmente, existem em cada vez mais número.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/07/1989

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