A hora do Chocolate
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de junho de 1974
Depois das campanhas pelo aumento do consumo do açúcar e do leite, chega a vez de um novo produto: o Chocolate. Com patrocínio do Comitê Nacional de Expansão do Consumo Interno do Chocolate, representando o Governo Federal, a lavoura e indústrias cacaueiras da Bahia e a indústria do chocolate no Brasil, a campanha está sendo deslanchada inicialmente nos Estados de São Paulo, Rio, Guanabara, Rio Grande do Sul, Minas, Bahia, Santa Catarina, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo e Paraná. O projeto publicitário estabeleceu inicialmente a veiculação de dois filmes e dois jingles nos principais horários de televisão e rádio das principais emissora do país. A campanha irá aos jornais de maior circulação com anúncios de 280 centímetros e estará em cartaz quase todo o ano através de grandes exibições de outdoor, de mensagens em datas promocionais: Páscoa, Mães, Namorados, Pais, Criança. Terá um programa especial de promoção e relações públicas: concursos, notícias e farto material de pontos de vendas vão deixar os consumidores com chocolate na boca. Mas a campanha visará destacar principalmente o valor energético do chocolate. Por exemplo, um tablete de 100 gramas corresponde a 6 ovos ou 3 copo de leite, ou 220 gramas de pão branco ou 750 gramas de peixe, ou a 450 gramas de carne bovina.
A realização desta campanha tem números concretos que a justificam: o consumo do chocolate no Brasil é de apenas 370 gramas per capita/ano, em comparação com países como a Colômbia, de clima quente, que chega a 3 quilos por pessoa/ano. Mais ainda se, lembrarmos o consumo da Inglaterra (5,6 kg) ou Suíça (6 kg). Com isso 90% de nossa produção de cacau é exportada para a Suíça, Suécia, EUA, Rússia, Itália e Alemanha.
Nativo do nosso continente, o cacau era alimento muito apreciado pelos Mayas e Astecas, além de ser usado como moeda no tempo de Montesuma. Segundo as lendas, quem ensinou a cultivar o cacau foi o deus Quetzacoatl. O botânico Lineu deu-lhe o nome científico de Theobroma Cacao, que significa "alimento dos deuses". O cacau chegou ao Pará e depois, em 1746, à Bahia, município de Canavieiras, espalhando-se por Ilhéus, Itabuna e pelo litoral baiano. Invadiu o Espírito Santo e o Vale do Jequitinhonha. Hoje, a Bahia ainda lidera a produção cacaueira do país, com 94%. O Brasil está em 3º lugar no mundo, logo após Gana e Nigéria.
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