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Aramis

Hugo e sua "Love Hysteria" encerram temporada teatral

Quando já se imaginava que a temporada de 1989 havia encerrado, eis que este incrível argentino-curitibano, Hugo Mengarelli, estréia uma nova peça ("Love Hysteria", de hoje ao dia 30, auditório Salvador de Ferrante). O fato da época ser a menos recomendável para uma estréia teatral - afinal, as festas de fim-de-ano, em seus múltiplos desdobramentos, fazem com que poucos se interessem em ir ao teatro, não assusta Mengarelli, que há uma década em Curitiba tem sido um agitador cultural de muita voltagem. Escritor, cineasta, professor, diretor de teatro, este argentino de Mar Del Plata está sempre surpreendendo com propostas no mínimo provocativas em termos artísticos, realizadas com garra e entusiasmo. Com ajuda de um jornalista-ator, Ulysses Iarochinski, a produção de "Love Hysteria" está sendo bem cuidada em termos de divulgação: um completo press-release, com depoimentos pessoais de todos os envolvidos na encenação, fotos de boa qualidade (de Sílvio Aurrichio), um bonito cartaz, criado por Ivens Fontoura, mostram que a Moenda Produções Artísticas faz aquilo que deveria servir de exemplo a outras companhias de teatro: cuidar de um espetáculo em termos altamente profissionais, mesmo quando o lançamento acontece em época inconveniente. De certa forma, Mengarelli retorna em "Love Hysteria" aos caminhos altamente pessoais que há dois anos lhe valeram elogios e premiações com "O Eucalipto e os porcos". Dois dos premiados naquela peça - Tupaceretan Matheus, melhor ator e Marisa Bruning, atriz revelação, estão no elenco desta peça que Mengarelli sintetiza como "um espetáculo que trata da histeria e seus desdobramentos". Misturando sua formação artística com pinceladas de psiquiatria - como havia feito em "O Eucalipto e os porcos" (no qual voltava aos seus anos de juventude, na Argentina peronista - numa espécie de "Rasga coração" ao ritmo de tango), Mengarelli agora revisita a Espanha dos conflitos da guerra civil. A partir de dois personagens-chaves - Desirée (Beth Furtado) e Omar (Francisco Moura), Mengarelli se propõe a discutir "a falta de complitude (sic) real que faz possível no ser humano a paixão, a traição e as lágrmas na relaçã do amor". Explicando melhor, Hugo acha que esse desencontro "existe talvez pelo fato de que tanto o homem como a mulher não queiram, ou não possam ver a diferença que faz com que dois seres tão parecidos sejam tão diferentes. Essa desigualdade encontra-se em algum ponto distinto da história humana na sua luta pela comunhão, seja no socialismo, no anarquismo ou democracia. Sem dúvida é uma história marcada pela histeria. Daí porque escolhi o título de "Love Hysteria". Deu para entender? Melhor talvez seja mesmo ver esta peça que reúne um elenco de gente entusiasmada, disposta a fazer um teatro de idéias, relfexões e aberto a muitas leituras. Além de Beth e Moura nos papéis centrais, estarão no palco do Guaíra Tupaceretan Matheus, Ulisses Iarochinski, Erica Migon, Marco Mocochinski e a bela Silvanah Santos. Em participação especial o músico Octávio Camargo, com ritmos flamencos, fundamentais dentro da estrutura com que o espetáculo foi concebido. LEGENDA FOTO - Ulisses Iarochinski e Silvanah Santos em "Love Hysteria", estréia hoje no auditório Salvador de Ferrante.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/12/1989

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