A peça de Hugo sobre peronismo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de setembro de 1986
Cineasta, professor, dramaturgo, Hugo Mengarelli, 40 anos, voltou de Buenos Aires entusiasmado. Em uma semana reviu muitos amigos - especialmente o escritor Jorge Asis, autor de 12 livros, seu contemporâneo de intelectuais boêmias dos anos 60, e trouxe material que faltava para a pré-produção de sua nova peça - "O Eucalipto e os Porcos", que tem um subtítulo bem explícito: "La Cumparsita. Viva Peron, carajo!"
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Vivendo em Curitiba há 16 anos, Mengarelli tem tido intensa atividade cultural. Aqui realizou 22 de seus 27 filmes, entre documentários, didáticos, curtas e médias-metragens, coordenou o setor de cinema no Centro Tecnológico de Ensino do Paraná e, nos últimos meses, está afastado da Universidade Federal do Paraná para se dedicar a elaboração de sua dissertação de mestrado no curso de cinema que faz na Universidade de São Paulo, Sob orientação do crítico e professor J.C.Ismael, Mengarelli desenvolveu profundas análises de cineastas malditos - como Julio Bressane, Rogério Sganzerla e Fernando Coni Campos e, agora, numa maneira prática, vai trabalhar num filme, dentro de sua visão de "A ideologia e o inconsciente" - que, antes de tudo, será sua tese de doutoramento.
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Após duas peças destinadas ao público adolescente - "Assopre As Velas Para Que A Chama Não Se Apague" e "Vou Te Contar Como É Lá em casa", Hugo está mergulhado num projeto que, de certa forma, o atrai desde 1966, quando ainda residia em Buenos Aires: a visão, em três planos, dos anos do peronismo. "O Eucalipto e os Porcos", diz o dramaturgo, deve estar no palco do Guaíra ainda neste ano, numa montagem em que acumulará também a direção.
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