Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1974
Dando ao seu último livro - Viagem ao Fim do Tempo - há pouco publicada pela Livraria José Olympio Editora, o nível mais perdurável e vigoroso do ensaísmo Theóphilo de Andrade conseguiu uma nova perspectiva para o gênero da literatura de viagens. De uma excursão pela Grécia, Turquia e Israel, povos e regiões milenares debruçados sobre o Mediterrâneo, retirou Theóphilo de Andrade os elementos de uma verdadeira roupagem internacional, colocando-se dessa forma no mesmo plano dos grandes jornalistas de nossa época. A história, a geografia, a política e a sociologia foram assim os pontos de apoio com que o escritor brasileiro marcou sua reportagem sobre gregos, turcos e israelenses, vistos portanto à luz do seu passado já milenário, mas nem por isso imobilizados dentro dessa moldura rígida como se fossem salas de um grande museu arqueológico. Ao contrário disso, com inteligência, agudo senso de observação e vigoroso espírito de análise, o autor de Viagem ao Fim do Tempo soube utilizar a erudição histórica para melhor situar e apresentar os problemas do presente, oferecendo-nos dessa forma os elementos que podem explicar acontecimentos políticos e sociais recentemente eclodidos nos três países visitados. Considere-se, aliás, que do grave conflito militar entre Israel e os países árabes, pendente de solução a partir de 1948, como também da revolução grega desde a queda do regime monárquico, panorama aliás recentemente alterado com a deposição de Papadopoulos, o até então homem forte do regime que alijou do trono o rei Constantino. Viagem ao Fim do Tempo, portanto não é apenas mais um relato de viagem, entre muitos outros. É principalmente grande reportagem internacional, na linha dos melhores especialistas no gênero histórico-político-social.
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