Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de janeiro de 1974
Se durante muitos anos a poesia foi sinônimo de fracasso editorial, hoje começa ocorrer o oposto; enquanto os contistas dificilmente encontram editores dispostos a lançarem seus trabalhos os poetas são cada vez mais acreditados como bons investimentos. Assim é que a Civilização Brasileira em convênio com o INIL/MEC, dá seqüência a corajosa coleção "Poesias Completas de Cecília Meirellles", lançando mais dois volumes - o número 6 com "Morena pena de amor/Nunca Mais..." e "Poema dos Poemas" e "Baladas para El-Rei" e o 7, com "Poemas I" (1942-49) e "Poemas II" (1950-59), quase completando as edições da importante obra da poetisa do "Romanceiro da Inconfidência". A José Olympio, ao mesmo tempo que lança um novo livro de Carlos Drummond de Andrade, o mais importante poeta brasileiro e de vendagem segura - "As Impurezas do Branco", também acredita em dois novos poetas e edita "Cerimônia da Noite" de Myriam Campello e "Paisagens Internas" de Rosa Ignez. Álvaro Pacheco, poeta e editor, pela Artenova, lança "Orfeu e a Ninfa" de Oliveiros Litrento, Prêmio Olavo Bilac no ano passado. Sem o patrocínio de nenhuma editora, em iniciativa própria, mas com distribuição nacional, surge "Egos", de Maria Goretti Mello de Castro Dantas. São todos volumes que atestam a vitalidade da poesia brasileira - dos nomes consagrados de Cecília Meirelles (1901-64) e Drummond de Andrade (aos 71 anos, desenvolvendo simultaneamente três linhas distintas de poesia: a memorialística, a lúcida e a que se poderia chamar de geral) - aos poetas jovens, ou ao menos até agora inéditos. E como escreve Maria Dantas na abertura de seu "Egos", "poetar não é homenagear, é sim, suscitar questões em novas idéias, responder e reafirmar velhas indagações".
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