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Lúcia, o poder na cultura curitibana

Homem de hábitos espartanos, o secretário René Dotti acorda às 6:30 da manhã e antes mesmo do café já lê os jornais da cidade. Ontem, pela manhã, surpreendeu-se ao ler em O Estado notícia de que dá como certa a escolha da professora Lúcia Camargo para a Secretaria Municipal da Cultura. Afinal, retornando de viagem ao Rio de Janeiro, o secretário da Cultura desconhecia o fato da diretora de Arte e Programação da FTG ter sido ungida como o nome mais forte para suceder ao advogado Carlos Frederico Marés de Souza no comando da política cultural da capital. xxx Há 21 meses, quando assumiu a Secretaria da Cultura, ao compor sua equipe de segundo escalão, René Dotti empenhou-se junto ao Palácio Iguaçu - e especialmente enfrentando as chamadas facções xiitas do PMDB, que reivindicavam o preenchimento de todas as funções importantes como militantes do então poderoso partido - para levar ao Teatro Guaíra, pessoas da maior competência - como Constantino Viaro e Lúcia Camargo, que, juntos em dobradinha tinham provado dinamismo durante os três anos em que já haviam dirigido a Fundação Cultural de Curitiba (na época, inexistia a Secretaria Municipal da Cultura). Com argumentos seguros, René obteve o nihl obstati do governador Álvaro Dias e completou sua equipe. Com isto, nestes quase dois anos, a Fundação Teatro Guaíra muito ganhou: pessoa relacionada no meio artístico do Rio de Janeiro, habilidosíssima em termos político-culturais, Lúcia Camargo, mesmo com as limitações orçamentárias, fez o Guaíra ter uma navegação sem maiores catástrofes no tempestuoso mar de vaidades artísticas. Trouxe a Curitiba artistas globais como Dina Sfat e Irene Ravache para orientar cursos e leituras de peças e uma de suas melhores amigas, a cenógrafa Rosa Magalhães, carnavalesca premiada, foi contratada várias vezes para criar cenários e figurinos em produções financiadas pelo Teatro Guaíra. xxx O advogado Constantino Viaro, 52 anos, foi por duas vezes diretor administrativo-financeiro da Fundação Cultural de Curitiba e também ocupou a direção de administração da Prefeitura - hoje Secretaria e para a qual retornará dia primeiro de janeiro o advogado Edson Fischer da Silva, funcionário aposentado do município e por mais de 10 anos titular daquela área. Na superintendência da Fundação Teatro Guaíra, Viaro vem realizando uma administração admirável. Recebeu a instituição em vermelho e com muitas dívidas. Hoje, a FTG já dispõe de muitos milhões em reservas próprias, de forma que várias obras de reforma e complementação estão sendo executadas com seus próprios recursos. Organizado, decisivo nas atitudes que são necessárias, Viaro implantou um novo tempo no Guaíra, evitando que ao menos este setor tivesse qualquer crise capaz de prejudicar a administração de seu amigo René Dotti. Embora fosse lembrado como um nome ideal para a Secretaria Municipal da Cultura, Viaro desencorajou as especulações e disse lealmente ao amigo René Dotti: "Entrei e sairei com com você". xxx Professora do curso de comunicação - com atuação das mais fortes, líder entre seus colegas e admirada por muitos de seus alunos (alguns dos quais auxiliou no encaminhamento profissional). Lúcia Camargo assumirá a Secretaria Municipal da Cultura com uma grande responsabilidade, já que o atual ocupante do cargo, Marés de Souza, em seus sete anos de poder, coerentemente, implantou uma programação intensa nos bairros. Com apoio total do deputado Rafael Greca de Macedo - que tem em Lúcia e também na sua assessora, Margarita Elisabeth Pericás Sansone, os nome de sua preferência para representá-lo no comando da política cultural da administração Jaime Lerner - orientará sua administração de acordo com o que pensa o deputado pedetista. Tudo isto, somado ao excelente trânsito que vai desde a alta sociedade até os mais difíceis guetos culturais, darão condições a futura Secretaria Municipal da Cultura em desenvolver um fértil trabalho político, que, obviamente além de encaminhar sonhos de Rafael (e do prefeito) para vôos maiores - pessoalmente pavimentará a sua rodovia de projetos que a conduzirão a Secretaria de Cultura do Paraná, credenciando-a, mesmo num futuro governo em que Leonel Brizola chegue a presidência, a ser a primeira mulher do Paraná a ocupar o Ministério da Cultura.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/12/1988

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