Maria Odete, os bons tempos dos festivais
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de outubro de 1991
Maria Odete é o exemplo da cantora que tem sido vítima da falta de visão e sensibilidade dos cretinos que dirigem nossas gravadoras. Bela mulher, dona de uma voz personalíssima, esbanjando bossa, há quase 30 anos já fazia sucesso defendendo canções como "Boa Palavra", (Gilberto Gil), que em junho de 1965 era a 5ª classificada no I Festival Nacional da MPB em que Airto Moreira e Tuca (Valeniza Xagni da Silva, 1944-1978) venciam com "Porta-estandarte" (Geraldo Vandré/Fernando Luna). Entretanto, até hoje, Maria Odete nunca teve chance de ter uma elepê-solo.
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Ao longo destes últimos 25 anos, Maria Odete esteve em muitos outros festivais, trabalhou nos principais endereços noturnos de São Paulo e, no meio dos anos 60, residiu em Curitiba - quando era a grande atração da Moulin Rouge, que o velho João Pedro Guimarães comandava num sobrado ao lado do posto do Touring na rua Carlos de Carvalho - e na qual também começava sua carreira um crioulo sorridente chamado Jair Rodrigues. O tempo passou, Maria Odete atravessou fases diversas - inclusive algumas de auto-exílio artístico, levadas por razões do coração, mas continua em forma. Tão bem que, estimulada por um de nossos melhores pianistas, Adylson Godoy, montou um show chamado "Os Festivais", que após temporadas de sucesso em São Paulo chega ao Paiol, neste fim de semana (19, 20 e 21h, ingressos à Cr$ 1.500,00).
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Como o nome do espetáculo diz, trata-se de uma antologia de canções que provam de como eram bons os festivais de MPB dos Anos 60: de "Arrastão" a "Sabia", um revival da época em que cada novo festival era um revigoramento de nosso cancioneiro.
Que saudades!
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