Martins desiste da Prefeitura mas tem ibope certo na Câmara
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de março de 1988
Apesar de todas as especulações que vêm sendo feitas em torno de suas possibilidades para disputar a Prefeitura de Curitiba, o radialista Luís Carlos Martins já decidiu: será mesmo candidato a vereador. Acredita que dentro do estilo do programa radiofônico, que faz há dez anos, voltado essencialmente à comunidade, integrar a Câmara é, "ao menos numa primeira etapa", o passo mais certo.
Há três anos, mesmo com 55 mil votos (45 mil dos quais em Curitiba) Luís Carlos deixou de chegar ao Legislativo por uma questão casuística: foi candidato pelo inexpressivo PSC e não houve condições legais de obter a legenda que lhe garantiria uma vaga, embora tivesse tido uma das maiores votações do Estado - pois, considerando-se os votos nulos e errados, acredita que mais de 90 mil de seus ouvintes lhes deram seus votos.
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Apesar de seu livro "Agora e Sempre" (Edições Paulinas, 110 páginas), já estar em segunda edição, Luís Carlos adiou o projeto de reunir novas crônicas num volume. Em compensação, há muito que ele já poderia ser tema para uma interessante apreciação acadêmica: a força de seu estilo de programação - num delicado equilíbrio entre o religioso e o comunitário, mas sem cair no fanatismo e evangélico, que hoje domina tantos comunicadores.
Os números do Ibope, em sua pesquisa mais recente, mostram que seu programa matinal, na Rádio Colombo, vem conseguindo manter-se em primeiro lugar, apesar da disputa, ouvinte a ouvinte, com outros comunicadores de grande força. Nas duas primeiras horas - 6 às 8 horas - Luís Carlos leva desvantagem, pois nesta faixa atuam Algaci Túlio na Rádio Clube (25,5%) e Ricardo Chab na Rádio Cidade (24,7%), - com seus programas policiais disputando preferência do público. Aliás, a saída de Algaci Túlio da Rádio Independência, foi uma das causas que provocaram a violenta queda da emissora: na pesquisa do Ibope, a AM foi para o quinto lugar - abaixo da Atalaia (20,5%), Colombo (18,5%), Cidade (18,3%) e Clube Paranaense (11,1%).
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O período da manhã é disputado furiosamente pelas emissoras AMs, buscando um universo de mais de 600 mil ouvintes. A Atalaia, com sua programação de música brega - e sem nenhum superstar do microfone - consegue obter 16% entre às 6 e 8 horas da manhã, caindo para 15,1% entre as 8 e 10 horas e recuperando-se para 21,8% a partir das 12 horas (é bom lembrar que o programa de Luís Carlos Martins, na Colombo, acaba às 12h30min). A Cidade, tem dois comunicadores fortes pela manhã: até às 10 horas, o repórter policial Ricardo Chab (de 24,7% a 20,1%), substituído depois por Pirajá Ferreira (que é deputado estadual) que consegue 17,5%.
Rogério Santos, da Globo, luta desesperadamente: começa com 1% pela manhã, sobe para 2,1% a partir das 8 horas e, entre 10/12 horas chega à beira dos 4%. A Independência, tem dois comunicadores: Canário e William Barbosa, que oscilam entre 10,8% a 9,3% - conforme os índices do Ibope.
A posição de Luís Carlos Martins é tranquila: ao abrir o seu programa, às 8 horas já tem 12% e, entre 8/10 horas, fica com 20,7%, atingindo o pique - 25,7% - até o meio-dia, quando cai para 22,4%.
São números que, na opinião do economista Erico Morbis, 39 anos, sócio de Luís Carlos Martins na Expresso Publicidade e Promoções não chegam a refletir "todo o universo real". Isto porque a pesquisa do Ibope abrange apenas Curitiba e cinco municípios da Região Metropolitana - São José dos Pinhais, Campo Largo, Piraquara, Colombo e Rio Branco do Sul. E no entendimento de Morbis, a audiência de Martins transpõe estes limites - "conforme já testemunhamos com outras pesquisas, inclusive confirmadas pelo Instituto Bonilha".
LEGENDA FOTO - Luís Carlos Martins: Prefeitura não, Câmara sim!
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