Login do usuário

Aramis

Para conhecer melhor Lutoslawski

Somente para os quatro primeiros meses de 1988 a Polygram Clássicos programou nada menos que 26 álbuns (seis dos mais [quais] duplos, além de uma caixa com quatro elepês contendo os quartetos de Beethoven), o que mostra a confiança num mercado de alto poder aquisitivo. Embora com a crescente sofisticação dos colecionadores do erudito partindo para o compact-disc, ainda há uma faixa representativa para o disco convencional - especialmente porque as gravações digitais oferecem a mesma produção (só que o laser tem a durabilidade e a reprodução mais perfeita). Entre os lançamentos no catálogo de março - ao lado de Sir Colin Davis regendo a Orquestra Estadual de Dresden, com o pianista Claudio Arrau como solista do concerto para piano nº 4 em Sol Maior, de Beethoven e Leonard Bernstein, regendo duas sinfonias de Mahler - a número 7 com a New York Philharmonic (da qual foi titular por 11 anos, até 1969) e a número 9 com a Concertgebouw Orkester, de Amsterdã, há uma novidade: dois álbuns que praticamente "revelam" aos brasileiros o compositor polonês Witold Lutoslawski, 75 anos completados no dia 25 de janeiro último. Como ensina o musicólogo J. Jota de Moraes, até agora apenas duas obras deste compositor haviam chegado ao Brasil, através de gravações: "Variações sobre um tema de Paganini", para 2 pianos, de 1941, com Martha Argerich e Nelson Freire e o seu concerto para Orquestra, de 1951/54, com a sinfônica de Chicago, regida por Seiji Ozawa. Grande parte da obra que Lutoslawski escreveu entre 1920/30 perdeu-se durante a guerra, mas sua obra mais famosa, as Variações Sinfônicas (1938), conservou-se. Durante a II Guerra ele foi mobilizado, feito prisioneiro pelos alemães, fugiu e passou 4 anos em Varsóvia tocando em duo com o também compositor Panufnik. Os dois álbuns agora editados no Brasil trazem exemplos significativos de sua obra. Com a Sinfônica da Rádio Bávara, temos no lado A o concerto para violoncelo e orquestra, numa gravação ao vivo que teve Heinrich Schiff como solista. Escrito em 1968, foi dedicado a Mstilav Rostropovich, responsável por sua primeira (e melhor) gravação. No lado B temos os "Prelúdios Dançados", peças com solos para clarinete (Eduardo Brunner), harpa (Ursula Holliger), oboé (Heinz Holliger) e percussão. Finalmente, com a regência do próprio Lutoslawski, há o concerto para oboé, harpa e orquestra de câmara. Na segunda gravação temos obras recentes de Lutoslawski e, "em mais de um sentido, mais difíceis de ser ouvidas do que as outras", adverte J. de Moraes. Uma delas é "Os Espaços do Sono" (1975), espécie de cantata para voz grave, com o veterano Dietrich Fischer-Dieskau, com a filarmônica de Berlim. No mesmo disco, a sinfonia nº 3, que o compositor completou há apenas cinco anos, uma obra avançada, difícil de ser assimilada na primeira audição, mas importante de ser conhecida.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
27/03/1988

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br