Login do usuário

Aramis

Momix, a dança com imaginação

A diplomacia funcionou e graças a negociações bem conduzidas, Curitiba, desta vez, não ficou sem assistir um dos mais belos espetáculos de dança já vindos ao Brasil. Quando Silvinha Gardenberg, de Dueto Promoções, solicitou datas para o auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, não havia vagas. Por coincidência, duas escolas de danças da cidade - a Studio D e O Petit Ballet haviam bloqueado a semana para seus espetáculos de fim-de-ano. Felizmente, a diretora de arte e programação Lúcia Camargo conseguiu convencer as donas das academias de que seria lamentável se Curitiba ficasse de fora do roteiro do Momix Dance Theatre e assim conseguiu abrir as noites de hoje e amanhã para que possamos aplaudir um espetáculo que vem entusiasmando espectadores em todos os países por onde passa. xxx Danusia Barbara, em entusiástico e primoroso texto publicado no "Jornal do Brasil", após assistir a estréia do Momix, escreveu: "Pina Bausch, seríssima, é admirável e depressiva. A criação de Maurice Béjart deste ano sobre André Malraux é densa e filosófica. Mas com esse grupo que tem nome de ração de gato americano, o Momix, a dança moderna toca aos sentidos, à sensualidade, ao humor". O crítico de dança do jornal "O Globo", Antônio José Faro, também se deslumbrou: "O Momix cria no palco imagens de beleza mágica, envolvente, criativa e inteligente, interpretadas por um elenco completamente afinado com uma proposta que não deve, nem pode, ser comparada com qualquer outra. Seja saindo de conchas gigantes, oscilando numa enorme escultura de metal, contorcendo-se sobre esquis ou fazendo sombras chinesas a um tempo cômicas e poéticas, atingem em cheio a nossa imaginação, numa viagem cuja única mensagem é atingir o romance, a aventura, as emoções através de imagens" . xxx A arte da dança só tem crescido no Brasil nos últimos anos. Grandes companhias tem feito temporadas e, internamente, também há uma elevação na qualidade de nossos coreógrafos e bailarinos. O Momix, que nasceu há apenas sete anos, é um dos grupos que trouxe maior inovação nesta arte - razão pela qual sua temporada brasileira (iniciada dia 11, no Municipal, no Rio de Janeiro e que se encerra dia 28, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, depois de passar por Curitiba e Belo Horizonte) vem tendo uma repercussão tão grande. As irmãs Monique e Silvinha Daulsberg, que além do Free Jazz Festival, são também as responsáveis pelo Carlton Dance Festival, colocaram toda sua organização e energia para esta nova temporada do Momix, grupo fundado por Moises Pendleton e Alison Chase, egressos do grupo Piloboulus. Pendleton define o Momix como "uma mistura de estilos que busca mostrar imagens e movimentos que se assemelham até a pinturas e esculturas, que sirvam para contar estórias ou cenas através dos quais o público embarque num mar de poesia e encanto. É como se através do corpo humano em movimento se desse vida as esculturas dos museus". xxx Poucas vezes, com antecedência, pode-se recomendar um espetáculo como o do Momix. Mas no caso se justifica e fazemos nossas as palavras do bom amigo João Cândido Galvão, da revista "Veja": - O secular embate entre o permitido e a transgressão tomou forma colorida e empolgante com a apresentação do grupo Momix, com seu ballet de ilusão em que todos os recursos circenses são usados com criatividade".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/11/1987

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br