Mulher Aranha na segunda
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de setembro de 1983
DEPOIS de urna temporada de indecentes produções teatrais e graças ao esforço isolado de alguns empresários e produtores, o panorama teatral começa a se reanimar. No auditório Salvador de Ferrante temos até domingo a vigorosa comédia "Salto Alto", de Mário Prata, na inteligente montagem do grupo Proteu, da Universidade de Londrina -direção de Nitis Jacom. JA no dia 2, segunda-feira, estréia a peça de maior sucesso nos últimos anos no eixo Rio-São Paulo: "O Beijo da Mulher Aranha", adaptada do romance de Manuel Puig.
Desde sua estréia no Teatro Ipanema, a 2 anos (agosto1981)' "O Beijo da Mulher Aranha", vem tendo urna carreira impressionante. Dirigida por Ivan de Albuquerque e interpretada por Rubens Corrêa e José de Abreu, já recebeu vários prêmios, entre eles o de melhor espetáculo (Rio-SP; São Paulo-82), melhor diretor (Mambembe-82) e melhor ator (Rubens Corrêa-Mambembe e Moliére).
Yan Michalski escreveu no "Jornal do Brasil": "A peça é um seco golpe no estômago, um grito desesperado contra a violência e os preconceitos, mas também um ato de fé nas prodigiosas possibilidades do ser humano, na sua capacidade de defender a sua dignidade dentro das mais adversas
circunstâncias. O espetáculo leva a marca da sensibilidade, talento e inteligência característica de tudo que Ivan de Albuquerque e Rubens Corrêa fazem a anos
Manuel Puig, escritor argentino hoje radicado no Brasil, diz que os personagens de seu livro/peça - o guerrilheiro e o homossexual
- não são modelos. "São homens comuns, cheios de defeitos e fraquezas". E a peça narra as suas estórias, juntos numa tela, enquanto lutam contra o tédio e o desespero, terminando por revelarem profundo conteúdo humano, que supera a diferença de origens e temperamentos dos personagens.
LEGENDA FOTO - Rubens e Abreu: "O Beijo da Mulher Aranha"
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