MÚSICA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de março de 1973
Em seu primeiro disco fora da RCA Victor, gravadora da qual foi exclusivo por mais de 30 anos, Luís Gonzaga, que hoje a noite estará se apresentando na concha acústica da Praça Afonso Botelho, faz também uma revisão de seu repertório - sem abandonar as características que o consagram como um dos mais autênticos interpretes da música nordestina, "Luiz Gonzaga" (Odeon, SMOFB 3756, março-73) e um álbum vigoroso, com Luiz Gonzaga escolhendo temas de outros compositores populares e deixando de lado suas próprias músicas tão valorizadas pelo grupo baiano - tropicalista (Gil, Caetano, Gal) a partir de 1965 e que chegou, mesmo a impressionar os Beatles, que cogitaram em gravar algumas de suas composições. Gal Costa (foto), em seu show "Gal a todo vapor", criou, por exemplo, uma interpretação única, dramática humana de um dos mais belos temas de Gonzaga - "Assuã Preto". Para o folclorista Luís da Câmara Cascudo, "Luiz Gonzaga é uma legitimidade do sertão. Sua inspiração mantém as características do ambiente poderoso e simples, bravio e natural, onde viveu. Não imita. Não repete. Não pisa rastro de nome aclamado. É ele mesmo, sozinho, inteiro, solitário, povoando os arranha-céus com as figuras imortais do Nordeste, ardente e sedutor, fazendo flor cardeiros e mandaracus, levantando o mormaço dos tabuleiros através das cidades tumultuosas onde permanece". Neste seu álbum-73 - ao mesmo tempo que a RCA relança através da Canden seus discos antigos - Luiz divide composições: "O Fole Roncou" (com Severino Ramos), "Catarnio". "Juvina" e "Mulher de Hoje" (com Nelson Valença), "O Bom Improvisador" (idem), "Indiferente" (com Severino Ramos), "Catarnio", "Juvina" e "Mulher de Hoje" (com Nelson Valença). De seu parceiro de muitos anos, Humberto Teixeira, o bom Lua gravou "Baião de São Sebastião".
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