GENTE
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de março de 1973
LUIZ GONZAGA - considerado o herói da música popular brasileira, festejado pelos auditórios e querido pelo povo simples, Luiz Gonzaga do Nascimento viveu uma vida cuja característica principal é a coragem, a firmeza com que se decidiu apontar ao Brasil, em época de oscilação entre o samba-canção e ritmos importados, a força e o poder dos ritmos nordestinos, cantados e dançados pelos vaqueiros no meio da caatinga. Este homem que venceu estará se apresentando hoje à noite, na Praça Afonso Botelho e, mais uma vez, dando um recado que parte do fundo do Brasil, onde o sol é quente, a terra seca e a dor uma imensidão incomensurável. Da sanfona que aprendeu em criança, com o pai Januário, sanfoneiro do sertão, Luiz Gonzaga passou ao violão e ao aprendizado de escala musical em seus anos de Exercito, através do qual atingiu o Sul do País e executou valsa, polcas e tangos. Ficando no Rio por imposições financeiras trabalhou (de Ari Barroso, por exemplo). Mas quando se decidiu abandonar valsas, polcas e tangos e mostrar com toda a firmeza a música de sua Exu, no sertão distante pernambucano, o sucesso foi total duplas memoráveis com Humberto Teixeira (Asa Branca, Pé de Serra e outros) e com Zé Dantas, marcaram a vida deste homem. E sua bandeira foi cantar o baião dos ritmos nordestinos o mais urbanizável, o mais estilizável de todos. Tem mais de duas mil músicas compostas foi o precursor da música de protesto como Vozes da Seca por exemplo ( "um protesto lírico" diz ele) e sente-se hoje realizado. A voz popular é mais forte: Luiz Gonzaga é o verdadeiro herói desta história.
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