Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de abril de 1973
Os títulos musicais nem sempre são o que parece. Para a maioria dos ouvintes modernos a palavra << madrigal >> provavelmente evoca imagens exóticas, conjuntos vocais de um mundo antigo, arrulhando em sons brancos e assexuados sobre ninfas, pastores e coisas do campo. Nada poderia estar mais distante desse quadro - em paixão e intensidade ou em plano vocal e instrumental - do que << Il combatimento di Tancredi e Clerinda >> e << Il Ballo Dello Ingrato >>. Não obstante, faziam parte de um livro de matrigais - o oitavo de Monteverdi - publicado em Veneza em 1938. Certamente << madrigal >> é um termo mais amplo do que a habitual concepção que dele fazemos a um olhar à página do resto do compositor dá uma sugestão da amplitude do seu próprio ponto-de-vista. Ele descreve o conteúdo do volume como << Madrigais de guerra e de amor com algumas breves peças em gênero representativo (estilo representativo ou dramático) que constituem breves episódios entre as canções sem mímicas >>. As ditas << breves peças >> - na verdade as maiores na coleção são << Il Combattimente Di Tancredi e Clorinda >> (do Torquato Tasso) e << Il Balle Dello Ingrato >> (de Ottavio Rinuccin), reunidas no disco << monteverdi >> (Phonogram, 6500457, abril-73), com a Orquestra de Câmara Inglesa, sob a regência do Raymond Loppard (foto). Um dos grandes inovadores da música, Cláudio Monteverdi (1567-1643) fundo aqui e madrigal com elementos do novo estilo declamatório que deveria levar a arte a novas direções pelos séculos seguintes acrescentando ao todo uma dimensão e representação teatral. Um disco dos mais interessantes para quem gosta da música madrigal.
Enviar novo comentário