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Aramis

A música de Carnaval (V)

A televisão, que há 15 anos inspirou uma primeira sátira ("Me Dá Um Dinheiro Aí", criada por Ivan, Homero e Glauco Ferreira, com base num tipo humorístico interpretado por Moacir Franco, também o intérprete da Marchinha) motivou uma das poucas músicas em condições de aparecer no Carnaval que hoje inicia: "Marcha do Kung-Fu" de Brasinha, gravada pelo sambista Djalma Dias. Com uma letra simples e comunicativa, a marchinha tem sido bastante divulgada nas rádios e esta entre as que a SDDA, que controla seus direitos autorais, deposita maiores esperanças. Chacrinha, apesar de não ser novidade, na televisão, e que em todos os carnavais - como Silvio Santos, também grava algumas músicas despretensiosas - este ano não foi nada modesto: de sua autoria, em parceria com Otolindo Lopes, é "Palmas pro Chacrinha/Que ele é/Uma Gracinha/Sorriam mulheres/Sorriam/O Chacrinha/É o rei da alegria". Naturalmente o maior sucesso cinematográfico de todos os tempos não poderia deixar de motivar um samba carnavalesco: "Pagode do exorcista" de Neizinho e Rubens Confeti, foi gravado duplamente: por Ney Lopes para a Continental e por Wilson Simonal em compacto da Philips. Mas nem tudo está perdido na música carnavalesca. Tanto é que temos Silvio Caldas, com uma marcha de sua autoria chamada "Sensacional" - e que embora não tenha merecido a promoção necessária, se destaca da mediocridade que caracteriza 99% da produção musical carnavalesca. A marcha do "Titio" diz em sua letra: "Sensacional/É você/Que tem amor à vida/E sabe viver/Sensacional/É você/Que tem amor prá dar/E prá receber/Sensacional/É você/De corpo escultural/E lábios de carmin/Sensacional/Afinal/Se fosse toda só prá mim/Aonde você queira me levar/Eu vou/Amor, você querendo mais amor/Eu dou". A "Divina" Elizeth Cardoso também teve uma recente gravação. "Serenou", samba de Dalcio Carvalho, incluída para este Carnaval, mas como a música de Silvio Calda, com pouca promoção. Músicas lançadas no ano passado, sem pretensões de chegarem ao Carnaval, poderão surpreender: "Conto de Areia" (Romild S. Bastos/-Toninho) e "Meu Sapato Já Furou (Elton Medeiros /Mauro Duarte), gravadas por Clara Nunes; "1800 Colinas" (Gracia do Salgueiro), "Batendo a Porta" (João Nogueira/Paulo Cesar Pinheiro), "No Silêncio da Madrugada" (Luiz Ayrão), "Mel e Mamão com Açúcar" (Wilson Moreira) e, muito provavelmente, "O Assassinato do Camarão" (Tragédia no fundo do mar) (Zeré-Ibraim). Luís Reis, que em 72 integrou a comissão julgadora das escolas de samba de Curitiba, amigo pessoal do advogado Carlos Francisco Solheide, comandante do Carnaval-75, tem uma música para este ano ("Salve a Mocidade"), que graças à boa catituagem está aparecendo na Guanabara. Já Paulinho Soledade, de muitas raízes paranaenses, também entrou no páreo com "Volta Meu Amor". Enfim, existe música de Carnaval. Mas se você não ouvi-las à partir de hoje, não fique triste. Afinal já não se fazem mais compositores como nos anos trinta ...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
08/02/1975

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