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Aramis

Nem só de Bergman vive o cinema sueco

Responda rápido: qual o cineasta sueco que você conhece? - Ingmar Bergman. Claro, é o mais conhecido. E os outros suecos? - Bem, entre os mais antigos, tem aquele que emigrou para os Estados Unidos nos anos 20, o Victor Sjostrom (1879-1960), também extraordinário ator e realizador ao menos de dois clássicos - "A Carroça Fantasma" (1920) e "O Vento" (1928). Dos mais recentes, há aquela ex-atriz, que passou a direção, Mai Zetterling e o que dirigiu "Os Emigrantes", como é mesmo o seu nome! Jan Troell. Depois, depois... O gaguejo é natural. Afinal, o cinema sueco é ainda pouquíssimo conhecido no Brasil, afora sua estrela maior - Bergman. Por isto, palmas para o Francisco Alves dos Santos, coordenador de cinema da Fundação Cultural que moveu céus e terras em termos diplomáticos para conseguir trazer a Curitiba uma semana do Cinema Sueco, iniciada ontem no Cine Groff (sessões às 15, 20 e 22 horas), com sete filmes inéditos (todos com legendas em espanhol). A abertura foi com um clássico de Ingmar Bergman - "Sorriso De Uma Noite De Amor" (Sommernattens Leende), 1955, livremente inspirado em "Sonhos De Uma Noite De Verão" (por sua vez, refilmado por Woody Allen em "Summer's Sex Night / Sonhos Eróticos De Uma Noite De Verão"). De Bergman ainda, outra homenagem: seu denso e sofrido "Gritos e Sussurros" (Viskningar Och Rop), 1973, com Liv Ulman e Ingrid Thulin, que será exibido sábado, às 24 horas. Dois clássicos, referenciais que mostram Bergman em dois extremos de sua obra: na comédia inteligente, com Ulla Jacobson e Eva Dahlbeck, de 32 anos passados, a um delírio de dor e sofrimento, em "Gritos E Sussurros". A SUÉCIA INÉDITA - Jan Troel, 56 anos, se tornou conhecido a partir de seu primeiro filme realizado nos EUA, "Os Emigrantes", uma saga com Ingrid Thulin. Entretanto, antes de vir para os EUA, Troell realizou dezenas de curtos, filmes de episódio e os elogiadíssimos "Quem O Viu morrer?" (Ole Dole Doff, 1976) e "Esta É A Sua Vida" (Har Har Du Ditt Liv, 1966). Nos Estados Unidos, depois de "Os Emigrantes" - mesmo sendo um fracasso de bilheteria fez uma seqüência ("A Nova Terra") e, em 1974, um western cerebral, "A Esposa Comprada" (Zandy's Bride), com Gene Hackamn e Liv Ulman. Hoje o curitibano terá oportunidade de conhecer um semi-documentário: "O Vôo Da Águia" (The Flight Of The Eagle), 1982. Max Von Sydow (um dos mais populares atores suecos, lançado por Bergman e visto no antipático papel do pintor niilista em "Hannah E Suas Irmãs", de Woody Allen), interpreta um cientista que, em 1897, integrou uma expedição científica ao Polo Norte no balão Águia e desapareceu. 33 anos depois outra expedição encontra os restos do balão. Sydow interpreta o engenheiro Salomon August André, que com os companheiros Nils Strindeberg e Nils Ekholm, viajou ao Polo Norte em um balão impulsionado por hidrogênio. GUNNEL & SULY - Se a mostra sueca não traz nenhum filme de Mai Zetterling, nem por isto as mulheres foram esquecidas. Assim, o segundo filme (programado para amanhã, sexta-feira) é um longa-metragem realizado por Gunnel Lindblom: "Sally E A Liberdade". Ex-atriz dos filmes de Bergman, passando para o teatro como assistente de direção e chegando ao cinema com "Paradise Place", recebido com boas críticas, Gunnel Lindblom teve merecidos elogios por este "Sally E A Liberdade", que traz em seus papéis centrais Ewa Froling e Gunn Wallgren, lançados por Ingmar Bergman em seu penúltimo longa "Fanny E Alexander" (por sinal, previsto para reprise no Cine Luz, dentro de duas semanas). Se "O Vôo Da Águia" é um filme de aventuras, este "Sally E A Liberdade" aborda um tema introspectivo: uma jovem recém-desquitada procura reconstruir a sua vida, junto com sua filha. "Sally Och Friheten" - título original - teve produção executiva de Bergman e música de Stefan Nilsson. No elenco, Ewa Froling na personagem título; Hans Wigren, Leif Ahrle Eigui e a própria Gunnel Lindblom como "Nora". A Semana do Cinema Sueco prosseguirá no sábado, 25, com "A Montanha E O Lado Escuro Da Lua", 1983, de Lennart Jylstrom. Uma história de amor e liberdade, baseada na vida de Sonia Kawallesky, primeira professora de ciências matemáticas da Universidade de Estocolmo. LEGENDA FOTO - Gunnila Nyroos em "A Montanha E O Lado Escuro Da Lua".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
15
23/04/1987

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