A noite dos bonecos dourados
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de março de 1991
Amanhã à noite, mesmo com a transmissão do Oscar só começando ao redor da meia-noite, a cerimônia repete-se ao redor de cada aparelho de televisão onde palpita um - ou mais - corações de cinéfilos.
Listas previamente preparadas na mão - os mais exagerados fazem até bolsas de apostas, torcidas (des)organizadas em torno dos filmes já vistos, alguns mais informados prontos a corrigir a possíveis gafes na transmissão e, principalmente, fitas virgens nos vídeos para gravar toda a festa - há o acompanhamento, minuto a minuto, da festa que de Los Angeles, há 22 anos, passou a ser vista via telesatélite no Brasil.
Até 1969, o Oscar tinha uma repercussão bem menor. As próprias distribuidoras pouco se interessavam em usar como ponto de vendas as premiações recebidas e eram raros os que acompanhavam as premiações - que só mereciam discretas notícias nos jornais principais dois ou três dias após. Com a redescoberta do cinema através do vídeo e a óbvia constatação de que mais do que qualquer outra premiação, o Oscar é o maior marketing para fazer filmes emplacarem grandes rendas - e puxarem mesmo produções menores, a festa foi se internacionalizando e ganhando um espaço cada vez maior.
As indicações, mesmo antes de serem oficializadas - o que acontece sempre em fevereiro, antecipam o pré-lançamento dos filmes e hoje há toda uma informação paralela - não só na imprensa nacional, mas também em edições especiais de revistas e mesmo livros que começam a ser produzidos - seja um trabalho original, como o coordenado por Fernando Albaglim, editor da revista "Cinemim" ("Tudo sobre o Oscar", 1988, 328 páginas, ou o sociológico estudo de Emanuel Magda França Lopes, Editora Trajetória Cultural, 418 páginas).
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