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Aramis

Nos poemas também a saudade de Tancredo

AFFONSO RAMANO SANTANA, não poderia ter sua palestra, no " Encontro Marcado " ( sexta-feira 26, anfiteatro da Universidade Católica ) de maneira mais apropriada : lendo e emocionante poesia que escreveu quando da morte do presidente Tancredo Neves e que, transmitida pela televisão e emoldurada ao som de " Coração de Estudante "( Wagner Tiso / Milton Nascimento ), chegou ao maior público que um poeta já teve, talves mais de 50 milhões de pessoas ", O aproveitamento de poemas na televisão é, no entender do autor de " Politica e Paixão ", " Uma inovação, creio que em todo mundo, e que abre uma nova forma de comunicação para os poetas, até hoje restritos a edições máximas de 3 ou 4 exemplares de sua obra... e isso os mais bem sucedidos ". xxx As poesias de Affonso Romano e Thiago de Mello sobre a morte de Tangredo talves tenham estimulado ainda mais a emoção de tantos outros poetas - profissionais ou amadores - a registrar em versos o que sentiram pela morte do fundador da Nova Republica. Da espontaneidade do garoto Fabiano Christian Pucca do Nascimento. 13 anos, cuja poesia mereceu a primeir a página " Tribuna do Paraná ( 23/04/85 ), ao rigor preciso com que João Manuel Simões sabe colocar em seus peomas à sensibilidade de Cristina Gebran, em poesias que o O ESTADO DO PARANÁ divulgou, na edição do último domingo, muitas foram as formas com que se viu a morte de Tancredo Neves. Independente de apreciações críticas / estéticas, a manifestação espontânea pela poesia veio a ser mais uma demonstração do carinho com que tantos brasileiros procuraram se expressar na semana passada. xxx José Maia, 31 anos, assistente social e hoje assessor técnico da Casa Cívil do governo do Estado, faz poesias desde a adolescência. Só soube da morte de Tancredo na manhã de segunda-feira e imediatamente, colocou em palavras sua emoção. Uma poesia simples e sincera, mas que merece também ficar registrada para, talvez, no futuro, alguém reunir e dizer como essa morte tão sentida foi registrada pelos poetas do Paraná. Mesmo aqueles bissextos. Chora , Brasil ! Teu filho amado partiu ! Partiu para as plagas donde veio as regiões de luz onde habitam os missionários os baluartes do Bem os revolucionários do Amor! Longo calvário percorreu teu filho de Minas que encarnou tão grande ideal para os seus irmãos de todas as partes que trabalham e amam, choram e sofrem em busca do seu destiino ! Em todo canto, vemos teu povo chorar nas ruas, nos bares, nos mercados nas esquinas, nas janelas, nos telefones nas casas, nos carros, na cidade e na favela / no suburbio / na mansão junto dos telvisores e dos rádios, no sertão No Nordeste alagado que parece esquecer sua dor regional para acalantar uma dor nacional... Vemos chorarrem jovens e crianças adultos e velhos / homens e mulheres... Choram, sentidos, porque o sonho da Nova República ardentemente acalentado / perdeu o seu gênio inspirador ! A vida prossegue ! e sob a inspiração dos que / em outros planos velam pelos destinos humanos há de concretizar-se a democracia plena com que todos os brasileiros / há muito sonhamos De onde te encontras Tancredo / Esperança Inspira os que, em teu lugar, devem realizar a vontade soberana e sagrada do povo !
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
30/04/1985

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