As noturnas memórias de Zacharias
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de setembro de 1976
Um dos homens mais conhecidos na cidade, o delegado Miguel Zacharias, 66 anos, diretor da Divisão da Capital da Polícia Civil e que, ao longo de seus 40 anos de trabalhos, já passou por todas as delegacias especializadas, sempre foi um homem da noite. Zacharias tem acompanhado o mundo da noite, não apenas por motivos profissionais mas, principalmente, porque sempre gostou do ambiente. Assim é que, após muita insistência de amigos, está disposto a escrever um livro de memórias, que será um roteiro da vida noturna de Curitiba - das décadas de 30 a 70.
As boates, os inferninhos, os restaurantes, garçons, músicos, compositores e, naturalmente, as mulheres, que ao longo de 40 anos cruzaram pelos caminhos do policial constituem, sem dúvida, excelente material para um livro de memórias. O único problema que Zacharias ainda não resolveu é se dá nomes verdadeiros ou não, pois estórias são picantes e outras comprometedoras.
Não será preciso aguardar o livro de Zacharias para saber de uma de suas conclusões: a nossa esquálida noite da década de 70, não se compara, nem de longe, com a efervescente e colorida madrugada da década de 50, quando a prosperidade do ciclo do Café despejava milhões de cruzeiros e se tomava mais "White Horse" - então o único Scotch conhecido no Brasil - do que em Glasgow.
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