O bom humor de Nidis
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de setembro de 1983
Numa prova de profissionalismo - que falta a tantos grupos de Curitiba, fazendo temporadas obscuras e sem qualquer repercussão, Nitis Jacon, de Londrina, se preocupou em cercar a estréia de "Salto Alto" (auditório Salvador de Ferrante, até domingo, 21 horas, de um cuidadoso e inteligente trabalho de relações públicas. Este texto - que permanecia inédito quase dois anos após ter sido escrito - encerra a Trilogia do Deboche" inciada com "Dona Beja" e "Besame Muchu" e mostra através da trajetória de Nenzica Del Campo um painel das influências imprimidas pela história política no movimento cultural brasileiro desde a morte de GetúIio, em 1954. Sob um tancho de deboche, esta peça (ou "revista" como diz Nitis) montada com 20 atores e cerca de 200 figurinos, "retrata a tragédia do "ser Ator" num país como o nosso, fazendo a revisão crítica de movimentos importantes do teatro brasileiro como o TBC, Arena e Oficina, "mas sem jamais desmerecer a importância que eles tiveram em suas épocas" - faz questão de frisar Nitis.
O programa do espetáculo acompanha o tom de farsa e sátira da peça - já que tem como leit-motiv o próprio mundo teatral. Eis, por exemplo, como Nitis é apresentada: "Essa jovem e brilhante teatróloga começou sua carreira fazendo brilhantemente o papel da cobra que picou Cleópatra na imortal cena que depois consagraria Elizabeth Taylor no cinema. Esse fato concorreria mais tarde como agravante no processo de sua expulsão da Ceac, cm 82. Começou como garçonete da "Santa Ceia" e teve participação decisiva no milagre da tranformação da água em vinho, trocando o conteúdo dos odres por "Katz Wein" e lançando definitivamente Cristo no cenário político mundial. Dirigiu o incêndio de Roma, que deu a Nero o prêmio de melhor ator coadjuvante (Ela ganhou o de protagonista). Atualmente, contenta-se em escandalizar a "ínteligentzia londrinense".
CONHECIDO crítico de cinema em Berlim Ocidental, Hans-Joachim Schlegel, 41
anos, está na cidade, em promoção do Goethe Institut. Hoje, As 19 horas, no auditório do Goethe (Rua Duque de Caxias, 4) fará urna palestra sobre o expressionismo no cinema alemão. Amanhã e quinta-feira, após as projeções de "As Mãos de Orlac" e "O Castelo Vogelod" (Cinemateca do Museu Guido Viaro, 20,30 horas), Hans-Joachim Schlegel fala sobre "Princípios e evolução do filme expressionista e referências à analogia em outras manifestações artísticas". Além de suas atividades como crítico e professor de cinema, Hans-Joachim tem outro importante cargo: é executivo da comissão de seleção do festival internacional de curtas-metragens, em Oberhausen.
LEGENDA FOTO - "Salto alto" : bom espetáculo no auditório Salvador de Ferrante.
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