O jazz moderno de Branford Marsalis
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de dezembro de 1988
Embora tenham sido reduzidos nos últimos 90 dias, ainda há sempre opções jazzísticas. Dois dos mais interessantes lançamentos se constituem em opções ideais de presente para amigos de bom gosto e que sabem admirar o que há de melhor no jazz: o mais recente álbum do pistonista Branford Marsalis - irmão mais velho do incrível Wynton Marsalis (a maior revelação tanto no piston jazzístico como no erudito nesta década), "Random Abstract" (CBS) e "Short Stops", álbum duplo com outro notável instrumentista, Shorty Rogers - mas este a frente de uma grande orquestra.
São dois discos de primeira qualidade, daquelas edições que os colecionadores de jazz absorvem com o maior prazer e que se constituem em pontos referenciais. Branford Marsalis representando uma nova geração que, entretanto, sabe se voltar aos grandes mestres, tanto é que numa das faixas, "Crescent City" presta uma homenagem ao grande John Coltrane (1923-1967), especialmente no seu período musical entre 1963/64. Já "Broadway Fools" é um blues ao estilo de Ornete Coleman, enquanto que no lado dois, o início é um tributo ao pais de Wynton e Branford Marsalis, com o tema "Lonjellis".
Wayne Shorter (Yes and No), K. Kirkland ("Lon-Jellis"), o homenageado Coleman ("Lonely Woman") e até uma romântica canção da dupla Mercer/Von Heusen ("I thought About You") complementam este "Random Abstract", marcado também pela reunião de jovens músicos, como Branford unidos por um propósito de revisitação do jazz com uma linguagem nova: o pianista Kenny Kirkland (autor da faixa "Lon-Jellis), o baixista Delbet Felix ( e que se destaca em "Broadway Fools"), Lewis Nash e Jeff "Tain" Watts.
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