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Aramis

O povo e as campanhas

O aniversário Luiz Albuquerque de Campos enviou carta na qual refere-se a uma nota publicada pela coluna no último domingo, que tratava sobre a campanha "Teatro para o povo", que está sendo executada em Curitiba pela Fundação Cultural. O leitor põe em dúvida os critérios adotados pela Fundação para avaliar a qualidade dos textos e montagens, já que para a seleção eles não foram exigidos. Além disso, diz que o local de apresentação da peça teatral, não justificaria por si só a inclusão de determinado espetáculo. Ambos os pontos foram por nós levantados. Porém, o universitário vai um pouco mais longe e afirma que "deveria haver somente um critério: competência de quem julga". Não colocamos em dúvida a competência ou não dos dirigentes da Fundação Cultural, papel que não nos cabe. Levantamos sim a questão de que ingresso a preço popular é uma coisa, e teatro para o povo é totalmente diferente. O Serviço Nacional de Teatro destina uma verba de 150 mil cruzeiros para amparar os grupos teatrais, a fim de que posam cobrar 10 cruzeiros o ingresso, sem que saiam prejudicados, e para que possam realizar esta atividade artística pela qual optaram. Além disso, o SNT, o que também é elogiável, permite que um número maior de pessoas, em função do preço pouca motivação, possa assistir uma peça teatral, coisa que comumente não faz, preferindo os "Enlatados" da televisão, ou mesmo filmes de baixa qualidade, como a maioria dos que passam em Curitiba. Porém, é preciso fazer uma diferenciação entre proporcionar teatro para pessoas que não costumam frequentá-lo, e levar um público novo, como é o povo, a assistir uma apresentação. Esta campanha, "Teatro para o povo", lembra inclusive uma promoção realizada no primeiro semestre deste ano: "O Concurso Nacional de Bandas", promovido pelo Mobral. O concurso reunia um grande número de bandas do Interior e Capital do Estado, de onde duas deveriam ser selecionadas, para que representassem o Paraná na exibição final, no Rio de Janeiro. O objetivo daquele concurso, como o da campanha do SNT, era reaproveitar o valor das bandas de música que, com o saturamento de músicas gravadas, estava perdendo seu brilho, deixando de ser apreciada e mesmo apoiada por organismos estatais. Pois bem, para a sua realização foi destinada uma verba para transporte, estada, alimentação e outros gastos dos elementos das bandas, que não eram poucos. No momento da escolha do local para apresentar as bandas ao povo, aos mobralenses em especial, para que tivessem contato com música ao vivo; o Teatro Guaíra foi o eleito entre praças de Curitiba. Por estas e por outras campanhas que visam aproximar a maioria da população de atividades artísticas, para que sejam realmente integradas à comunidade, é que fica sempre uma certa dúvida sobre a maneira como serão executadas. A escolha dos locais é determinação do próprio Serviço Nacional de Teatro, mas a Fundação, como única entidade no Estado que tem como única função a divulgação de artista locais, além é claro a de difundir a arte para o maior número de pessoas possíveis, deveria fazer pé firme para haver reformulação destes critérios.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
10/12/1977

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