O Vanguardista Santo e a viagem com os Viannas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de dezembro de 1984
Duas interessantes contribuições à bibliografia teatral: uma nova interpretação sobre o autor [Corpo-Santo] e um depoimento de Diocélia Vianna sobre dois nomes marcantes: seu marido Oduvaldo e seu filho, Vianinha.
Hélcio Pereira da Silva, professor do Colégio D. Pedro II, publica através da editora deste tradicional colégio carioca, o livro ["Corpo Santo: universo do absurdo"] (176 páginas). Pereira da Silva tem livros em vários gêneros - teatro (inclusive uma peça sobre o caso Wladimir Herzog), biografias, arte, crítica e nada menos do que sete estudos sobre Machado de Assis. É o que se pode chamar de um autor múltiplo. Agora voltou seu interesse para a rica obra de José Joaquim de campos Leão (1829-1883), que foi professor, corretor de imóveis e sobretudo um autor do que se poderia chamar de teatro do absurdo que utilizando o pseudônimo de [Corpo-Santo] somente há 20 anos seria devidamente valorizado.
Um escritor e intelectual revolucionário em sua época, deixou 17 peças, até aqui encontradas (duas inacabadas) e as mais conhecidas são "As Relações Naturais", "Mateus e Mateusa", "Eu Sou Vida; Eu Não Sou Morte" já tiveram algumas montagens amadorísticas e profissionais. Ainda recentemente, um grupo paulista fez uma temporada no Teatro da Classe com aproveitamento de três de seus textos. Infelizmente, só um pequeno público se interessou em conhecer o trabalho.
Tratando-se de um autor que até hoje tem sido escassamente estudado, esta contribuição do professor Pereira da Silva é interessante. Pena que se tratando de uma edição do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, dificilmente se encontrará nas livrarias da cidade. Assim os interessados devem pedi-lo a secretaria do Colégio - Rua Campo de São Cristóvão, 177 - CEP 20291 - fones:284-3812 ou 234-5434, Rio de Janeiro.
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Nas 232 páginas de "Companheiros de viagem" há uma parte importante da história política e cultural deste século. Na primeira parte do percurso participam Deocélia e Oduvaldo Vianna (1892-1972), eternos companheiros no trabalho e, na política e na vida. Mais tarde, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (1936-1974). Trabalhando sempre pela valorização do cinema e teatro nacional Oduvaldo Vianna foi quem introduziu no Brasil a radionovela feita com uma linguagem mais próxima a nossa realidade. Vianinha seguiu sua trilha. Membro ativo do centro Popular de Cultura e do teatro de Arena, foi ele que como roteirista de televisão escreveu a série "A Grande Família" e episódios de "Caso Especial" - além de uma maravilhosa obra teatral, cuja obra peça póstuma, "Rasga Coração", teve sua estréia nacional em Curitiba, há 5 anos, passados, com direção de José Renato.
A política sempre foi uma participação ativa na vida da família Vianna: O Partido Comunista, as lutas, as discórdias, o Golpe de 64, as perseguições e traições. Nas 232 páginas de "Companheiros de Viagem" (capa de Moema Cavalcanti, Brasiliense), Deocélia, esposa e mãe, dá um retrato humano, sincero e profundo de duas personalidades inesquecíveis.
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